quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Enfim, fim...

.....Tchau, 2º semestre! Saiba que já vai tarde. Até nunca mais!
.....Enfim, as tais notas de PERO vieram e, com elas, fecha-se o caixão desse medíocre 2º semestre. Medíocre em suas disciplinas, em minhas notas, nos eventos que fizemos durante o semestre. Nesse segundo período, tirei ZERO em Teoria da Comunicação, baixei meu CRE, penei com aulas mais chatas do que programas televisivos dominicais, mas estou feliz. Feliz porque se encerra uma fase (quase) nada produtiva nesse processo acadêmico e de realização de sonho.
.....O fato é que não há mais motivo para não querer acordar na manhã seguinte, afinal, pelo que nos consta, as caras que teremos que ver nas nossas belas manhãs de sol não são a de Neta ou a de Wellington. Acabaram-se, ao menos temporariamente, as sessões de puxasaquismo descarado e renovam-se as esperanças em dias melhores de aulas melhores.
.....E nem vou terminar esta curta postagem com todas aquelas promessas que se costuma fazer pro semestre seguinte: vou estudar mais, me dedicar mais, tirar melhores notas, prestar mais atenção às aulas... Quero é marcar a missa de 7º dia desse semestre, e agradecer por ter sobrevivido, mesmo que a queda do meu CRE não me permita dizer que saí ileso. Enfim, aproveitar os dias de férias e encarar o 3º semestre é a regra.
.....Dane-se, 2º semestre! Você foi horrível!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Que anjo, que nada!

.....Quem foi a primeira pessoa que disse que eu sou um anjo? E de onde ela tirou isso? Ora, que espécie de anjo não conseguiria dar um abraço sempre que quisesse e que precisassem desse abraço? Acho que vou acabar concordando de vez com a tal menininha que disse que, na verdade, eu sou um homem mau que engoliu, de uma só vez, um anjo cadente que desceu à Terra. Um homem mau. De fato. Antes isso a um anjo de verdade.
.....Se bem que eu acho, ainda, que há duas possibilidades, duas vertentes pelas quais se pode tomar essa situação. Na primeira delas, quero saber onde estão os meus poderes. Eu tenho o direito, na condição de anjo - com cachinhos e tudo -, de ter os meus poderes. Não preciso atravessar paredes, nem voar. Não quero fazer chover. Não preciso de super poderes. Bastam-me os poderes básicos que um anjo que se preze tem que ter. Só quero poder abraçá-la, agora, quando ela precisa e quando sei que um abraço meu faria bem a ela. Isso me seria suficiente. Só queria poder apertá-la contra meu peito, afagar suas costas e sua nuca, respirar bem no seu ombro. Depois, quando sentisse a respiração dela já mais compassada e o coração batendo sereno, deitar meu corpo ao lado do dela e fazer com que nosso sono viesse terminar o serviço e nos deixar ali, jogados um ao outro. Bastaria-me isto: protegê-la. Ou menos que isso. Fazê-la sentir-se melhor, mesmo que não soubesse que fui eu que fiz isso. Porque o que interessa é que ela esteja bem. Eu só queria não sentir essa impotência de querê-la tanto e não ser forte o suficiente para tê-la. De amá-la tanto e ser racional demais para dizer isso a toda hora. De já ser tão dela e, simplesmente, cravar cercas entre nós dois. Eu não consigo me sentir anjo; não sem fazê-la sentir-se menos triste; não sem conseguir fazê-la mais feliz.
.....O outro viés disso tudo é o meu pedido de demissão. Isso! Se sou, mesmo, um anjo, peço demissão do meu cargo. Já que não me demitem, mesmo vendo que estou inoperante, peço eu a demissão, e por justa causa. Devolvo esta aureola que não me enfeita em nada a cabeça, não me ilumina; nada. Abro mão das minhas asas, que nem a mim aquecem mais. Entrego o cargo, renego a missão, peço desculpas. Desculpa, CHEFE, porque sou tão falho quanto sua decisão de me conceder asas. Desculpem-me os que me pensaram anjo e os que, mais que isso, me pensaram um bom anjo. Perdoem-me por não ser capaz o tempo todo. Desculpem-me, borboletas, por favor, por não conseguir cuidar de vocês como devia, não estar sempre por perto, e por ser, muitas vezes, insuficiente. Queria poder estar sempre com vocês e não ter que sentir dores por vê-las sentindo dores. Mas, é isto: abdico do meu cargo de anjo. Peço as contas. Não! Fiquem com as contas.
.....De tudo o que é angelical, fico apenas com os cachos. De resto, quero é ser humano. É sangrar quando for cortado e demorar a sarar. Ora, como seria eu um anjo se meu joelho não resiste e se parte a toda hora. Como seria eu um anjo se parto e deixo as horas com tantas dores? Vocês aí em cima, deixem-me ser humano. Guardem minhas asas com vocês. Protejam-me vocês quando eu precisar. Desculpem-me as decepções. Se puder, apaguem os erros mais grosseiros. E, por favor, mais do que qualquer coisa, não a deixem sozinha. Nunca. Aqueçam-na sempre que for frio. Refresquem-na no calor. Coloram suas borboletas de quando em vez. Façam-na sorrir. E, não a tirem de perto de mim...
.....Grato!

sábado, 22 de agosto de 2009

Na casa de PAPAI e MAMÃE

  • tenho bem mais espaço que no meu apartamento;
  • fico com alergia o tempo todo;
  • abraço Karaka enquanto ela tá dormindo na cama de casal que era minha, e agora, é dela;
  • sinto cheiro de infância, mesmo a gente tendo se mudado para cá quando eu já era menino-adulto;
  • tenho almoço pronto às 10h30 e como antes do meio dia;
  • assisto tevê deitado no sofá;
  • fico bem perto do racha (ando só um pouquinho para chegar lá);
  • recebo mais visitas de amigos;
  • tem sempre algo gosto para eu beliscar e conseguir esperar a próxima refeição;
  • vejo como a cama deles é potente, por suportar 5 ou 6 dos 6 membros da família que mora na casa;
  • uso computador com monitor de 17 polegadas;
  • sou paparicado;
  • fica mais fácil esquecer os problemas, mesmo que, na verdade, eu queira que eles esqueçam de mim;
  • rio de como PAPAI é grosso, sem querer, com MAMÃE, e como ela consegue transformar isso num episódio divertido;
.....Estar na casa de PAPAI e MAMÃE é bom, mas em várias das 24 horas de cada dia, parece que tudo que vou desejar é poder estar no apartamento 401, quarto 01, cama única, envolto em borboletas... Porque estar na casa de PAPAI e MAMÃE é bom, mas essa saudade chega a dar nos nervos... Mesmo assim, vou tirar proveito disso.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

"Estamos indo de volta pra casa"

.....Estou indo para casa. E o Ceará nem é o limite. Quero é subir "na pedra mais alta" e gritar o quanto mais forte eu puder, que ainda estou no páreo. Estar de férias, agora, é só desculpa para reorganizar tudo e retomar o eixo.
.....Bom, e eu deveria estar bem feliz por isso, por rever meus velhos, meus irmãos, amigos, enfim. Mas, acontece que é um medo latente em mim. Uma insegurança e um desconforto que, ou eu encaro logo, ou serei devorado por ele. Estou num jogo meio complicado, e, agora, passando do estágio A pro B. No A, havia borboletas coloridas voando ao redor de mim, e isso, em quase 100% dos casos, era o sustento dos dias, era o que me mantinha de pé. No estágio B, onde eu estou entrando, as borboletas ainda existem, mas só fazendo cócegas no pé da barriga - cócegas que me embrulham o estômago. Bom, a passagem de um estágio pro outro me assusta, mas vou em frente. O jogo é arriscado, mas não quero abrir mão de jogar. Não, ainda. E, detalhe: no final, nem há o risco de aparecer "game over" na minha tela. Mas, vez ou outra, no meio do jogo, aparece "you are wrong". E eu quero acertar mais...
.....Então, é isso. Postagem rápida porque, para variar, estou atrasado para ir pra rodoviária. Quando estiver em terras cearenses, na casa dos meus pais, posto melhor sobre trocar, por três semanas, João Pessoa por Barbalha.
.....Bons dias a todos! E que sejam boas férias! Ou, no mínimo, que sejam férias, de fato!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mais um lamento









(texto parafrástico, a partir da letra de Wilson Simoninha)



Continuo por aqui, na tua vida, no teu mundo...

E, a cada dia, mais inteiro, se te imagino ainda comigo...

Sentir saudade... Porque ela vem se você ainda não foi?

Fico tão triste, às vezes... Eu vou... Tá difícil esperar...


Pra que tanta espera, esse aperto?...

Eu vou perder o teu beijo... Eu vou ficar sem você...


Repare bem, cada minuto é importante demais...

Uma fração, mais um segundo se vai...

Depois se vai, também, o teu abraço de mim...

De algum jeito, vou te procurar e não encontrar... Vou gritar...

Mas, já sabendo que acabou. Por que essa imprecisão?

Essa certeza em vão?...


Pra que tanta espera, esse aperto?...

Eu vou perder o teu beijo... Eu vou ficar sem você...


Ainda tô aqui, na tua vida, no teu mundo...

Mas enfraqueço quando penso em mim sem você...

Pra que procurar depois, se sei que não vou encontrar?

Sei que meus gritos não terão eco...

Por que essa imprecisão? Essa certeza em vão?...


Pra que tanta espera, esse aperto?...

Eu vou perder o teu beijo... Eu vou ficar sem você...


Mas, eu vou ficar sem você... Sem você... Eu vou ficar sem você...

Ah, eu vou ficar sem você...


sábado, 15 de agosto de 2009

Top 5 (postagem para não falar das dores)

.....Pois é, amigos! Essa é a famosa postagem tapa-buraco. Não que não haja nada mais para lhes dizer hoje. E, também, não que o que lhes trago agora não mereça uma postagem. Na verdade, já tinha pensado em postar sobre o que vem abaixo. Mas, dadas as circunstâncias, o tema de hoje esperaria mais um tempo para ser postado, e nesse preciso momento, eu tenho muitas dores para derramar aqui. Só que decidi não fazer isso. As dores que esperem; que fiquem na gaveta. Então, mais que uma postagem tapa-buraco, trago-lhes agora uma postagem para não falar das dores.

.....Fim de semestre é sempre a mesma correria. E, depois de já ter passado por uma graduação, pareço ainda não ter aprendido, e venho deixando tudo pra última hora. São fichamentos de PERO, análise de assessorias de imprensa, seminário de Teoria da Comunicação, dissertações e outros trabalhos de Língua Portuguesa. Junte-se a isso vários conflitos sentimentais e uma tremenda injustiça caindo em cima da minha cabeça e das de duas borboletas, e o mundo parece o mais feio que já vi, que já vivi. Mas, deixemos isso de lado. Decidi que não falaria das dores. Então, juntemos a isso as fotos, as benditas fotos que eu tinha que fazer pra nota de Fotojornalismo. Eu precisava de um tema. E, depois de ter pensado em fotografar crianças na praia, minha irmã vestida e pintada de palhaça, prédios, etc., acabei fotografando bundas, bagunças em escrivaninhas, solidão no shopping e instrumentos musicais.
.....Bom, eu precisaria usar apenas um desses temas, e somente 5 das fotos que fizesse. As fotos da bunda foram descartadas, porque só fiz 5, não ficaram muito boas, e a bunda não era lá nenhuma maravilha. As das bagunças até ficaram legais, mas não atendiam ao que, provavelmente, o professor vai exigir na hora de atribuir a nota. As de solidão no shopping foram as que mais gostei de fazer - eu estava em excelente companhia, num dia bom, fotografei anônimos, às escondidas -, mas a iluminação do shopping, à noite, não favoreceu e todas as fotos ficaram muito escuras. Logo, meu tema definitivo foi "instrumentos musicais". Abaixo, seguem as fotos que não entreguei ao professor. Digamos que foram os cliques em falso que dei.

(1) (2) (3)
(4) (5) (6)
(7)
(8)
(9)

.....A ideia, em todas as fotos, era deixar o foco centrado no contato do homem com o instrumento, e todo o resto desfocado:
- na foto (1)
, a boca na flauta;
- na foto (2), a mão na flauta;

- na foto (3), a mão na partitura;
- na foto (4), a boca no sax;
- na foto (5), a mão no sax;
- na foto (6), a mão direita no violão;
- na foto (7),
a mão direita no violão;
- na foto (8), as duas mãos no sax;
- na foto (9), a mão no braço do violão;


.....Como não consegui o efeito desejado, essas foram sacadas. Aquelas em que consegui me aproximar mais do que queria fazer, seguem abaixo:

TOP 5:


(1) (2) (3)
(4) (5)

.....Na foto (1), o foco está centrado nos dedos e nas teclas da flauta que são tocadas pelas pontas dos dedos; todo o resto fica num sutil desfoque.
.....Na foto (2), a intenção foi usar o que, em fotojornalismo, se chama "regra dos 3 terços". Imaginando o quadro da foto dividido em 3 partes na vertical e em 3 partes na horizontal (formando um jogo da velha), o músico ficou na terça parte vertical da direita, e o instrumento ficou na terça parte horizontal inferior.
.....Na foto (3), só a mão direita e algumas teclas do piano estão em foco.
.....Na foto (4), a minha preferida, a mão do músico e o intrumento estão focados, enquanto que o rosto do músico, ao fundo, está em desfoque.
.....Na foto (5), por ser um close, a intenção era desfocar a mão e deixar o instrumento em foco.
.....A exceção da foto (5) do Top 5, que foi revelada em tamanho 20x25, todas as outras foram pro papel no tamanho 15x18.

.....Bom, é tudo que consigo dizer. E acho que só consegui porque falei 'tecnicamente' demais. Foi como se eu tivesse posto o coração no fundo do congelador da minha geladeira enquanto postava. Não fosse por isso, estaríamos, ainda, falando das dores.
.....Esta postagem fica dedicada ao dono da bunda que fotografei, aos donos das escrivaninhas bagunçadas que fotografei, aos anônimos no shopping que fotografei, aos músicos que fotografei, a uma amiga minha que muito se interessa pelo curso de Jornalismo e que logo estará entre os acadêmicos desta área. E, especialmente, dedico esta postagem e a fuga das dores, às duas borboletas que vagueiam sempre pelos ares mais próximos a mim.

.....Bons dias a todos!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O lado ruim da parte boa da vida

Ah, é você?! Senta aí. Fica à vontade. A casa é sua. Deveria ser nossa, mas, por hoje, é sua.


Por mim, tudo bem se a sua mão quiser brincar na minha nuca. Eu bem que tô precisando de um afago.


Eu não vou precisar te contar a minha história. Teu semblante de anjo triste entrega tudo.


Hoje, até contar estrelas perdeu a graça. Elas parecem não cair mais. E, se não caem... cadê o nosso desejo?


Nunca mais uma dor veio sozinha. Elas, as dores, não pegam fila, não recebem senha. Maltratam.


Quando eu saí do banho, hoje cedo, você me trouxe a toalha e percebeu que restava alguma espuma na minha orelha. Mas, você não estava lá, nem podia. E eu precisei ir. Abotoei a calça, mas esqueci do zíper. Nem penteei o cabelo. O cadarço eu nunca amarro mesmo. Peguei a chave da casa, a do carro. Peguei minha carteira amarrotada e saí sem dar satisfação a ninguém. A quem eu daria? Hoje, a ninguém.


Então, tô aqui fora, agora. O carro não quer pegar, mas, às vezes, é assim. Eu tenho certeza que enchi o tanque, mas... meus passos podem mais...


Por Deus, cadê você?!?


Esses olhares interrogativos, essas interpelações mudas, essa mudez irônica, esse sorriso pálido, essa palidez mórbida, essa morbidez estúpida, essa antipatia acra... Tudo isso é pra mim? Por mim? Em mim? Cadê a parte boa da vida? Eu sei que ela existe, mas podia ser menos superficial, hoje.


Nem mesmo esse cara, nesse espelho, dessa loja, parece ser eu. Eu corri e ele continuou lá, me olhando, com seu rosto magro, seus cabelos emaranhados, mas com súplica nos olhos, me dizendo, sem gestos, sem palavras, que era melhor eu voltar. Voltei. Encarei a dor que apareceu nos seus olhos e, nessa hora, eu ainda estava ofegante. Ficamos, então, esse cara e eu, frente a frente. Eu, sem saber por que estava ali. Ele, totalmente dono da situação. E, quando eu estava quase desistindo de ficar ali e me preparava para voltar a correr, ele perguntou, e eu estaquei ainda mais:


– Por que ela mexe tanto assim com você? – Só o vento ruía, agora. – Por que você não volta e espera? – Silêncio. – Às vezes, cara, a melhor coisa a fazer é esperar.


E eu não tive tempo de reação. Quando olhei para trás, vi a garagem de casa. E, quando voltei o rosto, o cara do espelho da loja já era passado...


Subi a calçada, abri a porta, deitei na cama, e acordei no teu colo...


Vai doer, vou chorar, mas, apesar de tudo, vou ter forças para te amparar.


Ainda bem que você ainda tá aqui. Fica. Hoje eu tô assim, mas amanhã o sol vai ser outro...


segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Não te perder, de novo...





"Quando tudo está perdido, sempre existe um caminho. Quando tudo está perdido, sempre existe uma luz. Mas, não me diga isso..."
(LU)


Esses dias vão passando

e só sinto cheiro de saudade,
como se tudo que acontecesse
fosse me deixando pra trás.
Deve ser por você estar aí
e eu aqui com minhas coisas,
com meu mundo feito de vidro
e tudo que não me satisfaz.

Eu tentei escrever com giz,
na calçada da minha casa,
a história que a gente não viveu.
Mas, agora que eu percebo
que você não vai mais voltar,
fica tudo muito triste,
e toda noite a chuva desce,
molha a calçada e leva o que fiz.

E eu nem tinha a pretensão
de escrever o livro dos dias,
nem queria gritar tão alto
os sons que não se ouve...
Eu só queria te convencer
que eu faria qualquer coisa
pra sentir você por perto,
olhar você, te abraçar,
e não ter que te perder, de novo.

Eu faria qualquer coisa
pra segurar a tua mão,
pra caminhar do teu lado,
pra carinhar o teu sorriso
e pra adormecer você comigo.
O que eu quero não é simples,
mas não era simples te perder,
e mesmo assim eu perdi...

Queria ter quebrado mais regras,
engolido mais em seco meus soluços,
ter corrido mais depressa,
e ter gritado com mais força.
Mas, acho que o que quero, agora,
mais do que ter você mais perto,
é te ter um pouco menos longe.
E não te perder, de novo. Não te perder...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Sobre suor, chuva, e água com sal





"Será que existe alguém, ou algum motivo importante, que justifique a vida ou, pelo menos, este instante?"

(Leoni)


.....
É estranho! Eu sempre tive um fascínio por líquidos. Para beber ou só olhar. Para me molhar ou molhar os outros. Gosto muito de água - o líquido perfeito. Desde que aprendi, no ensino fundamental, que a água é um líquido inodoro, incolor e insípido, fico imaginando quem teria sido o primeiro idiota a dizer essa asneira. Grande lorota essa. Incolor e inodora tudo bem. Mas insípida? A água é um dos líquidos mais gostosos que existem. E, mais do que para saciar minha sede, a água serve para me aliviar. É muito comum eu entrar no banheiro e, simplesmente, jorrar água na minha cabeça, molhar o cabelo, e sair encharcado do pescoço para cima. É uma espécie de atenuante para algumas de minhas tensões.
.....É, a água merecia um parágrafo a parte. Mas, gosto de tantos outros líquidos: refrigerantes e sucos, pelo sabor; gasolina, pela textura; tintas, pelas cores e consistências. Fico pensando o quanto gosto de chuva, de ficar numa piscina - só jogado -, de banho de mar, de matar a sede com alguma bebida gelada... Enfim. Acho que a parte líquida da vida é bem interessante. (A propósito, ainda preciso ler meu livro "Amor líquido").
.....Bom, mas a postagem de hoje vai ser apenas sobre três líquidos em específico, e sobre o desconforto que ainda alfineta meu coração, me desnorteia, e une, quase todas as noites, as quatro paredes do meu quarto sobre mim.
.....Hoje é quinta-feira. Quinta-feira santa para mim. Dia de futebol com uma turma que nem conheço direito, ainda, num campinho society, com grama sintética. Quinta-feira santa porque é nesse dia que entro em campo e pareço estar num outro mundo, paralelo ao da minha realidade, revestido de uma couraça que não me deixa sentir dores, a não ser as físicas, por entradas duras, por trombadas de jogo. Sim, porque a couraça protege as costas e o peito. E é no peito que fica o incômodo mais perturbador. A quinta-feira tem sido o dia marcado para me refugiar das mazelas do meu cotidiano. E a noite de hoje prometia. Por dois motivos. Primeiro, porque eu me vesti de palhaço pela manhã, na faculdade, e fui feliz com risos, gritos e cantos. Não que eu tenha sido um palhaço, no sentido pejorativo do termo. Na verdade, foi como se eu tivesse me travestido e, assim, pude interpretar um personagem que era feliz. Então, sorri, gritei e cantei. E funcionou. Estive imune às dores por uns instantes. O outro motivo de a noite prometer era que eu estava com uma vontade enorme de jogar; e jogar bem. E, quando ela me pede um gol... Bom, é a partir daqui que entram os três líquidos.
.....Participar de uma partida de futebol - ou de várias - me alivia as tensões pelo que já disse (trocar as dores emocionais pelas físicas, cansaço muscular, enfim). E eu canso muito. Vou ao limite, se tiver tempo. E, de novo, ela me pediu um gol, e, quando eu fiz o segundo dos quatro da noite (sim, todos para ela; ela gosta), meu corpo já estava embebido em suor. Foi o primeiro líquido da noite. No racha das quintas-feiras santas, quatro gols, e muito suor - perfeito para "fingir" que não estou totalmente confuso e fraco. Mas, dessa vez, não funcionou. A quinta-feira não foi tão santa assim. No meio do jogo, mesmo em meio aos gritos de "toca essa bola", "chuta no gol", "marca o cara", e dos palavrões de praxe, eu me sentia, de novo, como se todos os meus órgãos fossem pressionados uns contra os outros. Não tem sido apenas um desconforto na boca do estômago. Tem sido uma famigerada profusão de desconfortos dentro de mim. São frios que passam pelo estômago, nós que se formam na garganta, músculos que tremem, olhar que abaixa e se perde. Então, cansar o corpo não estava funcionando. Eu parava, vez ou outra, no meio do campo, e, como vem acontecendo onde quer que eu esteja, me perguntava por que estava ali, o que estava fazendo, o que eu quero. E não respondia nada. Não respondo nada. Éramos, então, nesses instantes, eu, o suor, e as dores.
.....Acho que eu já tinha feito quatro gols, perdido tantos outros, sofrido algumas faltas, feito uma ou outra... quando choveu! O jogo estava parado. Ouvi um barulho familar por perto. Era a chuva chegando. O segundo líquido que vinha molhar meu corpo - cansado, mas não aliviado. E então, como se fosse uma bênção que me quisesse mostrar que os céus estão do meu lado, e antes que a bola voltasse a campo, a chuva caiu e se misturou ao meu suor. "Que a chuva caia como uma luva, um dilúvio, um delírio. Que a chuva traga alívio imediato" (EH). É assim, que, normalmente, a chuva me serve. Ela cai perfeitamente em mim, me veste, me alivia. Mas, não foi assim hoje. Não serviu. Não funcionou. Tudo ainda doía - mais por dentro que por fora. Os pingos caíam e faziam "tssssss" ao me tocarem. Quando eu podia, mirava o rosto para cima, tentava manter os olhos abertos, abria os braços, e pedia, silenciosamente, mais chuva. E chovia mais. Mas, não adiantava. Estava doendo muito. Quase insuportavelmente. E eu preciso segurar a onda.
.....Então, hoje, pareceu que o suor não seria suficiente para esconder o terceiro líquido da noite. Aí, veio a chuva e pareceu mais simples esconder o "sumo dos olhos". Porque o nó na garganta ficou grande demais e eu não conseguia desatá-lo. E isso nunca tinha acontecido. Não se chora no meio de um jogo de futebol, se não se machucar, se não for campeão, se não perder um título. Isso não acontece. Não comigo. Nunca tinha acontecido. Eu não sou assim. Se bem que nem me reconheço mais. O cara que tenho visto no espelho parece, sim, muito comigo, mas não sou eu. Não mais. E tem doído muito. Tem sido muito difícil ser ou parecer forte. Eu não estou bem por causa desse desconforto insistente. E foi ele que fez a mistura dos três líquidos: primeiro o suor; depois a chuva; e, por fim... bom, era só água com sal.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

"Sem horas e sem dores"

"(...) eu ando tão fraco. Não queria que você me visse tão fraco.
Mas, na verdade, eu não quero lhe enganar."
(LS)


Ah, como eu queria poder começar essa postagem, usando com coerência essa frase de O Teatro Mágico. Não dá. Mas, bem que eu queria. Queria poder estar sem essas horas ruins, sem contá-las, sem saber que o tempo existe. Porque eu sempre ouvi dizer que esse senhor super poderoso sara tudo, mas não tem sido assim comigo. O pai Chronos tem sido cruel. Eu queria, mesmo, estar sem horas - sem horas de apatia, de melancolia, de nostalgia (ia, ia, ia, ia...). Mas, eu queria, sobretudo, era estar sem essas dores. Injetar algum anestésico em minhas veias. Preciso de morfina. Preciso me sedar.

É uma droga que eu tenha que sofrer mais este baque, no momento em que eu mais tenho feito esforço para me manter de pé. De bom mesmo só a percepção de que sou mais forte do que pensava ser, embora esteja tão fraco como não lembro de já ter estado. E é uma dor que não tinha que doer assim. Não precisava. Não faz muito sentido. Mas, doi. Machuca um bocado. Por favor, alguém traga morfina.

Já faz mais de 24 horas, mas, em alguns instantes, é quase como se fosse a primeira vez, entrando pelos olhos, pelos ouvidos, e espetando, feito cacos de vidro afiados, lá dentro... Mais que isso, parece que trago uma mão insistente apertando meu coração. Esmagando, na verdade. E eu já tentei de tudo. Tentei ler as apostilas de Teoria da Comunicação, lavei louças já limpas, folheei revistas em alemão, assisti a vídeos, rolei pela cama. Nada deu certo. Mas, eu precisava seguir em frente.

Hoje, na faculdade, não entreguei o trabalho de PERO. Escapei da prova oral de TC. E entre esses dois momentos, tentei fazer caber no meu colo uma amiga que parecia só saber chorar. Não porque só chorou, mas porque teve a honradez de se reconhecer fraca e chorar no ombro de um amigo. Mas, não pude comportá-la no meu abraço. Não consegui transferir suas dores para mim. Porque, SIM, apesar do meu montante de dores, eu tomaria as dela para mim, para que ela apenas sorrisse. É quando ela sorri que fica mais linda. E MAMÃE percebeu isso, e não cansou de me dizer. A propósito, que saudades de MAMÃE! Bom, o dia seguiu, depois que o choro dela cessou. Passei a tarde numa casa de tatuagens, fazendo fotos com um amigo. Enquanto ele fazia os cliques, lá estava eu, anotando aberturas de diafragmas e velocidades de obturador. Vez ou outra eu ria. Vez ou outra eu me concentrava. Vez ou outra eu me distraía. Vez e eu outra, lá estava eu, de novo, sentindo as mesmas dores, sofrendo dos mesmos males das últimas horas, não conseguindo estar bem. É a morfina que me falta. É a morfina que eu quero.

Bom, o dia vai terminando, e eu mais pareço um daqueles móveis esquecidos num canto da sala - sem interferir no ambiente e no que se passa ao redor, e sem querer ser interferido também. Mas, mesmo com tudo, eu sorri hoje. Um ex-aluno disse que sou a pessoa mais inteligente que ele conhece. E li uma certa postagem, num certo blog, que me fez sorrir também. Em meio a lágrimas, é verdade... Mas só porque me falta a morfina. E eu continuo precisando dela.

Eu não sei como vai ser o resto da noite, nem como vou conseguir dormir. Depois de 5 fotos duma bunda e de ideias aos montes jogadas fora, continuo sem tema pra minha prova de fotojornalismo. Sigo sentindo pontadas dessa dor chata de sentir, e querendo seguir em frente, embora, muitas vezes, a vontade seja adormecer e só acordar quando as sequelas do que sinto tenham sumido. Ainda vou seguir em frente por um bom tempo. Há os sóis e as luas de todos os dias. Há, sanctus paradoxum, os abraços e risos dela. Há o racha de quinta-feira, em que vou suar e cansar meu corpo. Há uma amiga - não tão próxima - que me segura a mão pelo orkut. Há projetos idealizados a serem postos em prática. Há naus que precisam zarpar. Há ares que precisam ser respirados. Há vida que precisa e vai seguir. Mas, por ora, o que eu queria, mesmo, era estar sem essas horas, sem essas dores. Só que, como não dá, eu quero mesmo é que alguém me consiga morfina...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sumo (eu dia um)

"(...) lágrima:
sumo que sai pelos olhos quando se espreme o coração (...)"

(Pedro Bial)


.....Deve haver algo errado comigo, então. Porque meu coração já está espremido o suficiente. E, no entanto...

.....Que droga! Não devia estar doendo assim...