quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Os dias


Eu deixei ficar pra trás
o teu retrato já rasgado
que, de tão amarelado,
me deixava com saudade.

E guardei as tuas cartas
na gaveta do armário,
mas a chave eu perdi
num lugar que já não vou.

Fiz bagunça no meu quarto
só pra reorganizar

e encontrar coisas perdidas
que eu nem lembrava mais.


Sorri risos da infância
que não eram mais perfeitos
porque eram por amigos
que ficaram pela estrada
e que não me ligam mais,
não me olham, nem procuram,
e, se olham, já não veem,
porque o tempo rasga tudo,
devasta a vida e deixa marcas.
E o pecado dessas coisas
é que a gente ainda vive
como se não vivesse mais...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

3ª da série "diálogos curtos":

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Pouco mais de uma hora depois do HEXA, ela sentenciou:
- Tu não nem com cara de campeão.
E eu:
- Nem tu.
E ela, já que tínhamos que terminar o assunto, "precisou" dizer:
- Eu ainda sem acreditar.
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É. Parece, mesmo, que campeão não é só uma condição, é um estado de espírito. E, em se tratando de estado de espírito, não tenho mesmo como estar com cara de campeão. Parece absurdo, eu sei. Mas, o fato é que há algo errado. Muito errado! E eu ainda não consegui corrigir...
Mesmo assim, não tenho como não estar grato ao meu MENGÃO por essa alegria chamada HEXA. Eu posso não ser a mais genuína representação disto, mas a NAÇÃO está feliz...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O que é tudo isso?


Por que é que tua boca é assim?

Ela só fala, ela não cala,
e nem me beija, ela só deixa
vontade em mim...

E o que ela quer me dizer?
Se eu não a ouço, se só a olho,
e nem descanso, eu não me canso
de só querer...

E pros teus olhos pra que olhar?
Porque eles brilham, hipnotizam,
me deixam dado, desnorteado,
a divagar...

E o que eles querem me dizer?
Eu não entendo, mas não lamento,
eu tremo um pouco e viro o rosto
pra não te ver...

As suas mãos - o que são isso?
São tantos gestos, mas meio incertos,
até sem jeito e imperfeitos,
mas tão bonitos...

O que elas fazem ao me tocar?
Parece mágica, ou luz fantástica,
algo divino, me faz menino,
a se alegrar...

Então, a ti dizer o que?
Que tua boca é tão bonita?
Ou os teus olhos, pedras bem ricas?
Ou tuas mãos um grã poder?

Já não escrevo o que mais sinto.
Sobre uma dor ou um amor,
sobre sofrer ou não querer.
Se eu te esqueço, então eu minto.

Eu fico aqui sem mais saber
da tua boca ou teu olhar,
e tuas mãos - o que será?
Não sei dizer quem é você...