quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O melhor lugar do mundo


Alguém precisa explicar
porque tudo tá suspenso
e todo o ar tá rarefeito -
eu tô ficando sem ar...

Onde estão as paisagens?
Onde estão as minhas aves?
Onde estão os outdoors,
que falavam de afeto?

Cataratas do Niágara
vão secando devagar;
e os tijolos pelo chão
são do muro de Berlim.

Já não há mais rouxinóis,
já não se veem colibris;
tudo tá descolorindo,
tá ficando esfacelado...

Mas o que foi que aconteceu?
O melhor lugar do mundo se perdeu...

E o que fazer com você,
que ainda tá ao meu redor?
E o que fazer sem você?...

Os seus braços não me abraçam.

E nem fugir eu posso mais.
O melhor lugar do mundo se perdeu...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Sorte no azar, jogo no amor


"Eu sei, jogos de amor são pra se jogar.

Ah, por favor, não vem me explicar
o que eu já sei... e o que eu não sei." ¹


Sábado, 21 de novembro de 2009. Segunda edição do ComuniCopão, campeonato dos acadêmicos de Comunicação da UFPB. Dessa vez, com permissão para estudantes de outros cursos participarem também. Seis times inscritos. Regulamento onde todos se enfrentam. Meu time: só eu e mais dois alunos de Jornalismo, um de Química Industrial, outros dois de um curso que nem sei qual, e um africano. Até aqui, só fatos, informações. Na estreia, fui titular, vencemos por 4 a 1, e lideramos - isso é sorte. No segundo jogo, fui titular, perdemos por 2 a 0, e caímos para 3º - isso é azar. Torci meu joelho - isso é mais azar ainda. No terceiro jogo, fui titular do começo ao fim, vencemos por 5 a 2, fiz um golaço, e nos mantivemos em 3º - isso é sorte. Meu joelho resistiu - isso é mais sorte ainda. No quarto jogo, penúltimo da fase classificatória, fui titular do começo ao fim, vencemos por 3 a 2, com um gol no último minuto, assumimos a liderança, e praticamente garantimos vaga na final - isso é sorte. Meu joelho ainda resistia, mesmo ainda com dores - isso parecia estar deixando de ser sorte. No que seria o quinto jogo, o adversário desistiu, vencemos por wo, e garantimos vaga na final - isso pode ter sido azar, já que ficamos frios, esperando a hora da decisão; mas pode ter sido sorte, já que tivemos um tempinho de descanso antes do combate decisivo. Antes de falar da final, vale dizer que, entre uns e outros jogos, azares me rondavam silenciosamente: um afastamento crônico, um distanciamento impensado, algumas reaproximações frustradas, tons de vozes apáticos - azares, com certeza. Mas, uma última investida, exatamente antes da final, surtiu efeito - isso é sorte; e é já o amor. E veio a final. O adversário: o mesmo da nossa única derrota (2 a 0), único jogo em que não marcamos gol. O time do goleiro quase intransponível. Era o oponente que teríamos escolhido, caso nos fosse dada essa condição; afinal, qualquer time que se preze, tem a gana de dar o troco no único time que lhe macula uma campanha. Eu fui titular do começo ao fim. O joelho ainda resistia. No primeiro tempo, nosso bom goleiro cometeu uma falha grotesca: 1 a 0 para eles - isso é azar. Ainda no primeiro tempo, chutei cruzado, a bola desviou e enganou o goleiro deles - isso é, quase que puramente, sorte. Era o nosso empate. Era o meu segundo gol no campeonato. Era nosso time vencendo, pela primeira vez, aquele goleiro quase intransponível. No segundo tempo, numa dividida, com uma vontade maior que minhas pernas, pareci deixar meu joelho por um fio. E o jogo terminou, mesmo, 1 a 1, levando a disputa pros pênaltis. Sorte ou azar? Nas primeiras quatro sequências de cobranças, todos marcaram: 4 a 4. Eu não queria cobrar, por dois motivos: 1) nunca fui bom em cobranças de pênaltis, e 2) o joelho por um fio era o esquerdo, justo o da perna de apoio - tinha medo que ele não resistisse mais. Mas, precisei ir. Era o goleiro quase intransponível de frente para mim e meu joelho por um fio. Olhei o tempo todo pro canto esquerdo dele, corri, apoiei a perna esquerda, cobrei no canto direito, estufei a rede, torei o joelho, vibrei, caí. Sorte no gol, azar pro joelho. Tornei-me, agora sem joelho, um cobrador a menos na disputa, que ainda teve outras oito sequências. Todas as cobranças convertidas. Até que nosso goleiro defendeu um pênalti - isso é sorte. Vencemos - isso é mais sorte. Fomos campeões - isso é mais que sorte. Fui carregado nos braços, na comemoração, porque não podia usar a perna esquerda para pular - isso é sorte, isso é azar. É, foi um sábado de sorte, afinal, pela primeira vez, fui campeão como aluno de Jornalismo. Mas, então, por que diabos eu não conseguia estar feliz? Azar...

"O nosso jogo não tem regras nem juiz.
Você não sabe quantos planos eu já fiz.
Tudo que eu tinha pra perder eu já perdi -
o seu exército invadindo o meu país." ²

Domingo, 22 de novembro de 2009. Era dia de o meu MENGÃO salvar a minha pátria já tão combalida. Mas, ainda havia eu de secar o São Paulo. Às 16h, Botafogo vs São Paulo. Às 17h, 1 a 1 no placar - isso é sorte. Às 18h, final de jogo, 3 a 2 pro Botafogo - isso é mais sorte, ainda (parecia o indizível). Às 18h30, a maior nação do mundo dá show e exibe o maior mosaico do mundo - fazer parte disso, mesmo de longe, já é, por si só, sorte. Como é bom ser FLAMENGO! E isso também é amor. Mas, o time não vai bem, não vence, não assume a liderança, e a saga se arrasta - isso é azar. Mas, ainda estamos no páreo. A minha pátria não foi salva, o gosto de fim de domingo foi amargo, e tudo seguiu ainda meio sem graça.

Segunda-feira, 23 de novembro de 2009. Dia já baixo, sem sol nem luz de vela, nem companhia bela. Só paredes, teto, chão, e, entre eles, o que resta de mim, de um pacote de biscoitos e desse texto meio despretensioso. Já falo do terceiro dia e, até aqui, quase nada além de sorte e de azar. E o título da postagem grita para que eu fale de "jogo no amor". Mas, sobre isso, não sei dizer muito. Só que pareço estar desaprendendo como se joga. Como diria Gessinger, "tenho muito mais dúvidas do que certezas" na hora de escolher as cartas, de fazer os movimentos. Fico meio perdido quando rolam os dados. Ou, sei lá, parece que é sempre jogo com estádio lotado e as pernas tremem, a garganta seca, o coração dispara e já não sei mais o que fazer. Não sei, mesmo! Assim tem sido o "jogo no amor", quase sempre com azar na hora de ter sorte. Mas, com a persistência de quase sempre.



De tudo que fica, ainda continuo querendo seguir em frente, me acreditem. E, não espalhem por aí, mas acho que meu velho joelho esquerdo já deu o que tinha que dar, mesmo que agora, por ora, não esteja doendo. E sobre azares, sortes, jogos e amores, quem sabe eu fale numa próxima postagem, em dias menos desleais. E que sejam, oxalá, com SORTE e AMOR em caixa alta...

"Mas sei que não se pode terminar assim:
o jogo segue e nunca chega ao fim
e recomeça a cada instante."
³

(¹, ², ³ - "Me liga", dos Paralamas do Sucesso)

domingo, 15 de novembro de 2009

Que as músicas falem por mim #1

"Não me leve a sério, não me leve a mal,
me leve para casa.
Eu sou um bom rapaz, eu só bebi demais.
Preciso ir pra casa.

Você me procurou, eu procurei dizer
que não valia a pena.
Você não escutou, você me acusou
de estar fazendo cena.

Não me leve a mal, mas eu não tô legal,
quero ficar sozinho.
Eu sou um bom rapaz, mas eu não sou capaz
de seguir o teu caminho.

Você não sabe o que eu sinto
.
Você não sabe quem eu sou.
A gente entrou num labirinto.
Eu dancei, você dançou.

Agora é tarde, já não tem mais jeito,
já não tem saída.
No fim das contas, a gente faz de conta
que isso faz parte da vida.

Eu caí, você caiu, numa armadilha.
A gente tenta se esquecer,
mas todo mundo é uma ilha.

Agora já é noite, já não faz sentido
ficar se iludindo.
No fim das contas, a gente faz de conta
que o mundo não tá caindo."

("Todo mundo é uma ilha", de Engenheiros do Hawaii)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Uns passarão, eu passarinho...


"Quando você me disse que não era nada
daquilo que a gente sempre imaginou
,
um vento frio soprou, uma janela bateu
na noite escura da alma...


Quando você me olhou daquele jeito
que só você olhava,
um passarinho voou baixinho,
deixou pra trás tudo que acreditava...


Quando as paredes e o teto caíram
,
eu pensei que era o final,
mas era só o começo de um problema,
só um pesadelo normal..."

("O Castelo dos destinos cruzados", de Engenheiros do Hawaii)
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.....Cantar isso aí chorando não teve a menor graça. Eu me senti quase como o tal passarinho...