terça-feira, 4 de agosto de 2009

"Sem horas e sem dores"

"(...) eu ando tão fraco. Não queria que você me visse tão fraco.
Mas, na verdade, eu não quero lhe enganar."
(LS)


Ah, como eu queria poder começar essa postagem, usando com coerência essa frase de O Teatro Mágico. Não dá. Mas, bem que eu queria. Queria poder estar sem essas horas ruins, sem contá-las, sem saber que o tempo existe. Porque eu sempre ouvi dizer que esse senhor super poderoso sara tudo, mas não tem sido assim comigo. O pai Chronos tem sido cruel. Eu queria, mesmo, estar sem horas - sem horas de apatia, de melancolia, de nostalgia (ia, ia, ia, ia...). Mas, eu queria, sobretudo, era estar sem essas dores. Injetar algum anestésico em minhas veias. Preciso de morfina. Preciso me sedar.

É uma droga que eu tenha que sofrer mais este baque, no momento em que eu mais tenho feito esforço para me manter de pé. De bom mesmo só a percepção de que sou mais forte do que pensava ser, embora esteja tão fraco como não lembro de já ter estado. E é uma dor que não tinha que doer assim. Não precisava. Não faz muito sentido. Mas, doi. Machuca um bocado. Por favor, alguém traga morfina.

Já faz mais de 24 horas, mas, em alguns instantes, é quase como se fosse a primeira vez, entrando pelos olhos, pelos ouvidos, e espetando, feito cacos de vidro afiados, lá dentro... Mais que isso, parece que trago uma mão insistente apertando meu coração. Esmagando, na verdade. E eu já tentei de tudo. Tentei ler as apostilas de Teoria da Comunicação, lavei louças já limpas, folheei revistas em alemão, assisti a vídeos, rolei pela cama. Nada deu certo. Mas, eu precisava seguir em frente.

Hoje, na faculdade, não entreguei o trabalho de PERO. Escapei da prova oral de TC. E entre esses dois momentos, tentei fazer caber no meu colo uma amiga que parecia só saber chorar. Não porque só chorou, mas porque teve a honradez de se reconhecer fraca e chorar no ombro de um amigo. Mas, não pude comportá-la no meu abraço. Não consegui transferir suas dores para mim. Porque, SIM, apesar do meu montante de dores, eu tomaria as dela para mim, para que ela apenas sorrisse. É quando ela sorri que fica mais linda. E MAMÃE percebeu isso, e não cansou de me dizer. A propósito, que saudades de MAMÃE! Bom, o dia seguiu, depois que o choro dela cessou. Passei a tarde numa casa de tatuagens, fazendo fotos com um amigo. Enquanto ele fazia os cliques, lá estava eu, anotando aberturas de diafragmas e velocidades de obturador. Vez ou outra eu ria. Vez ou outra eu me concentrava. Vez ou outra eu me distraía. Vez e eu outra, lá estava eu, de novo, sentindo as mesmas dores, sofrendo dos mesmos males das últimas horas, não conseguindo estar bem. É a morfina que me falta. É a morfina que eu quero.

Bom, o dia vai terminando, e eu mais pareço um daqueles móveis esquecidos num canto da sala - sem interferir no ambiente e no que se passa ao redor, e sem querer ser interferido também. Mas, mesmo com tudo, eu sorri hoje. Um ex-aluno disse que sou a pessoa mais inteligente que ele conhece. E li uma certa postagem, num certo blog, que me fez sorrir também. Em meio a lágrimas, é verdade... Mas só porque me falta a morfina. E eu continuo precisando dela.

Eu não sei como vai ser o resto da noite, nem como vou conseguir dormir. Depois de 5 fotos duma bunda e de ideias aos montes jogadas fora, continuo sem tema pra minha prova de fotojornalismo. Sigo sentindo pontadas dessa dor chata de sentir, e querendo seguir em frente, embora, muitas vezes, a vontade seja adormecer e só acordar quando as sequelas do que sinto tenham sumido. Ainda vou seguir em frente por um bom tempo. Há os sóis e as luas de todos os dias. Há, sanctus paradoxum, os abraços e risos dela. Há o racha de quinta-feira, em que vou suar e cansar meu corpo. Há uma amiga - não tão próxima - que me segura a mão pelo orkut. Há projetos idealizados a serem postos em prática. Há naus que precisam zarpar. Há ares que precisam ser respirados. Há vida que precisa e vai seguir. Mas, por ora, o que eu queria, mesmo, era estar sem essas horas, sem essas dores. Só que, como não dá, eu quero mesmo é que alguém me consiga morfina...

3 comentários:

Oito disse...

É bom ler teus textos cara...
É meio q como conversar contigo.
O chato é por mais q eu pense, me esforce, eu nao sei como te tirar dessa...
Desse mesmo jeito, q eu nem sei se estive, ou se estou ainda. Isso é ruim.
Onde estamos, e onde iremos parar...
Oq eu posso fazer...?
Bons dias pra vc cara...
Ou melhor, Novos dias pra vc.

Cadu Vieira disse...

Valeu, Oito! è sempre bom ver comentários seus por aqui e constatar sua "companhia invisível" a mim, nesses fragmentos meus.
Duas desleais, meu caro! Daqueles que parecem não ter fim, não chegar a meia noite, para que tenhamos a esperança de um dia melhor a partir daí... Mas, a vida segue, e eu ainda tô de pé.
Grande abraço, amigo! E bons dias!

Nove.

Anônimo disse...

meu amor...

Mofina so ameniza a dor não curada!
A dor que é dificil de curar...
Ja tomei morfina...
Mas a dependencia faz mal...
Quando o efeito da morfina vai passando...
Cara a dor e 10 veses pior.
A sensação de ficar ainda mais desnorteado
Te tomaria...

Meu lindo...
Não sei exatamente o que tu tem passado...
que caminho tem trilhado...
como se meteu nesse labirinto...
Mas me vejo na tua poesia...
me leio em, teus textos...
Dores são sepre dores...
mesmo que motivadas por outras mazelas...

Deita no meu colo agora...
Deixa eu te envolver com meu abraço...
deixa eu roubar as tuas dores...
como "em a espera de um milagre"
vou sobrar invert6ido no teu ouvido...
sentira o alivio...

bj
ISA