sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Vítima de súbita desaceleração do coração, morre o fazedor de escritos Carlos Eduardo

Morreu, no final da noite desta quinta-feira (3), o fazedor de escritos Carlos Eduardo Vieira do Carmo, de 28 anos. Mais conhecido por Cadu, Carlos Eduardo também era um protótipo de Jornalista e um colecionador incorrigível de sonhos bons. Há meses, Cadu vinha sofrendo de desaceleração compassada dos batimentos cardíacos. E na noite desta quinta, uma parada súbita dos seus lampejos de vida o levou à morte. Segundo informações dos anjos que o socorreram, Cadu sofria de um mal que assola há anos a humanidade: o "mal de amor".

As notícias mais recentes que se tem sobre o quadro de vida de Cadu dão conta de que seu coração vinha resistindo miraculosamente a uma praga que se alastrara nos últimos 16 meses pelo seu organismo. Mas, segundo o diagnóstico dos primeiros anjos que prestaram atendimento ao fazedor de escritos, o mal começou meses antes, quando, aparentemente sem perceber, Cadu foi tomado pelo "desvio" conhecido universalmente como o "mal de amor". Ainda de acordo com o diagnóstico dos anjos, este é um "desvio" contra o qual não há droga que surta efeito. Ainda lhe foi receitado "tempo", em doses diárias, mas não foi suficiente.

Os anjos ainda informaram que, com a desaceleração do coração, Cadu, antes de morrer, passou por alguns efeitos colaterais que, às vezes, não parecia, mas causavam muita dor à vítima. Entre as debilitações maiores por que passou Cadu antes de morrer, destacam-se três: 1) esmaecimento crônico do brilho nos olhos - isto o fazia não transmitir mais a mesma alegria de outrora; 2) degeneração da força física, em decorrência da fraqueza de espírito - pelo estrago interno que o "mal de amor" lhe causara, Cadu perdeu forças também físicas e já não conseguia ajudar aos que estavam ao seu redor; e 3) perda da expressividade facial, sobretudo na região dos lábios - o sorriso de Cadu estava sumindo.

O corpo de Cadu foi encontrado no quarto de um apartamento, próximo à sua residência. Informações ainda extra-oficiais indicam que a equipe angelical de apoio foi mobilizada por um outro anjo, que estava ao lado do corpo quando o socorro chegou. As suspeitas são de que este anjo, de nome indivulgável, tenha relação com o que fez o fazedor de escritos sucumbir. O anjo será ouvido, ainda, por uma Corte Especial de Arcanjos e Querubins (Ceaq), montada exclusivamente com a intenção de fazer com que se apaziguem as dores, se acalmem os corações e se faça seguir tranquila a vida para os que ainda a têm.

Os familiares de Cadu não convidam parentes e amigos para o sepultamento, simplesmente, porque não haverá enterro. Não haverá velório, nem vela, nem coroa de flores. O corpo de Cadu foi encaminhado, diretamente pelos anjos, ao local onde residem os seus sonhos mais inimagináveis e suas dores menos suportáveis - um lugar onde há verde em demasia, onde tudo parece maior, onde Cadu sempre, quando em vida, se sentia pleno, estivesse feliz ou triste.

Os anjos informaram, ainda, que encontraram, preso entre os dedos da mão esquerda de Cadu, um pedaço de papel escrito em caneta preta - uma espécie de testamento. Nas poucas linhas escritas pelo protótipo de Jornalista - aparentemente instantes antes de morrer - há indicações de pequenas heranças que ele deixa para os que ficam. Leia, na íntegra, as últimas e poucas palavras de Cadu, escritas na sua "despedida testamental":

"O meu sorriso, que eu tanto fiz questão de oferecer aos ventos, deixo para Karaka, que é, disparado, a pessoa que eu mais amo nessa vida. As conquistas, poucas, que tive na vida, entrego a Papai e Mamãe, por quem sempre tentei conquistar. Às minhas irmãs, deixo ficar o meu pedido de desculpas pelas falhas. A Hercules, deixo um legado de anos da amizade mais pura que já pude viver. O Picoto, que nunca foi, de fato, meu, deixo aos Picoteiros de bom coração. Os meus escritos, que continuem sendo lidos pelos que gostam de lê-los. A borboleta transparente que pende no meu peito em fio também transparente, peço que deixem que borboletas coloridas venham e a levem. E aos anjos que sei que virão me buscar, peço que cuidem de todos que citei aqui. Amei vocês com as forças que pude."

"Ei-lo no ar, de braços abertos, dando o salto do anjo"
(p. 95, do livro "O menino do dedo verde", de Maurice Druon)


Cadu deixa aqui onde tanto fez rir e riu, onde tanto fez chorar e chorou, onde tanto ajudou e foi ajudado, um acervo imensurável de palavras escritas, ditas e caladas, uma coletânea de erros e acertos, uma lista enorme de amores que fez nascer, e as saudades que ele sempre fez questão de carregar consigo, porque, como dizia, "não há de haver saudade, sem ter havido, antes, amor".

4 comentários:

Anônimo disse...

Todo mundo sabe que a vida nem sempre é o que se pensa.
Mas para nossas emoções e sentimentos sempre há uma solução. Talvez você ainda não tenha encontrado a sua! Mas lembre-se sempre que "se ficar pequeno, a gente aumenta!". É sempre assim. Por mais que os sábios digam que "água mole em pedra dura, tanto bate, até que um dia ela desiste", é mais sábio ainda confiar que quando existe perseverança, existem concretizações.
Tenha dias bons, Carlos!

Abraço!

Karaka e Mifilho disse...
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Anônimo disse...

Oi, "Anônimo"!

"Todo mundo sabe", é? (sorriso) Bom, na verdade, acho que sabe, mesmo. Às vezes, só não queremos aceitar que é assim, né?

E será que há mesmo solução - sempre - pras nossas emoções e sentimentos? Se tiver, que eu encontre a minha. E, caso fique pequeno, aumentaremos mesmo? Como?

Bons dias pra gente, sim! Cada vez melhores...

Abraço! Bons dias!

Cadu Vieira.

Anônimo disse...

Nossa lindo...a foto ... o menino do dedo verde ... poderia ser a continuação sabia? Marta