sexta-feira, 10 de julho de 2009

Bem-me-quer, "mau-mau"-me-quer...

"(...) te chamar de carta fora do baralho
descartar, embaralhar você
e fazer você voltar
..."
(EH)

De hora em hora, a coisa melhora. Bom, ainda não posso dizer se esse pensamento batido de MAMÃE é inquebrantável, se vai se confirmar, de novo, dessa vez. Mas, o certo é que resolvi fazer algo contra essa minha inércia existencial, e cá estou eu, de volta ao meu blog, antes que as teias de aranha tomem conta dele. Há precisos e tenebrosos 14 dias, não posto qualquer palavra aqui e são vários os motivos. Listando apenas alguns: 1) enquanto estive na casa dos meus pais, no Ceará, eu só tinha acesso a uma internet tão lenta quanto tartaruga subindo ladeira; 2) pouca coisa realmente interessante acontecendo nos meus dias; 3) vezenquando, uma preguiça assustadora; 4) eu não queria escrever coisas ruins; e, pior de tudo, 5) eu não conseguia escrever. O fato é que uma semana em casa, perto de PAPAI, MAMÃE, irmãs, amigos, e lugares meus, me içaram, sim, do buraco que eu mesmo estava cavando. O ar já estava escasso demais dentro dele. Mas, é certo que o fôlego que tomei nessa viagem durou não mais que apenas alguns dias, e parece que eu consegui subir apenas até à beira do buraco, mas agora estou escorregando, de novo.

Bom, mas estou de volta, ao menos e por enquanto, aos meus fragmentos de cotidiano. Aqui, faço-me inteiro até onde pode ser. Até certo ponto, foi bom ver que 3 novos seguidores agora acompanham meu blog. E foi prazeroso - também até certo ponto - ouvir e ler certas pessoas me pedindo que voltasse a postar aqui. Não sei bem o que há nessas linhas que as faça gostar de ler, mas deve haver algo. Espero que isso - seja lá o que isso for - não esteja se perdendo na poeira dos dias ruins que, também espero, vão ficando para trás. Mas, voltei para postar um sem-assunto sem fim, mesmo que isso seja, de longe, o assunto sobre o qual menos sei falar. Há assuntos a serem tratados, claro. A questão é como fazê-lo, estando com um redemoinho instalado na cabeça e com o coração meio conturbado. Mas, como diriam artistas blogueiros, a postagem não pode parar.

Para começar, vale voltar à semana do São João, a que estive na casa dos meus pais. Uma semana em que fiz PAPAI chorar num abraço de feliz aniversário, em que revi amigos, dancei duas quadrilhas, improvisadas - uma delas com minha irmã, outra vestido de mulher -, fiz besteira, trabalhei (um pouco) na enxada, estive leve, fiz 6 gols em 4 rachas (...). Era a semana que eu estava precisando para aliviar um pouco a sensação claustrofóbica de paredes se fechando ao meu redor e na qual pude desfrutar da sutil leveza do peso do mundo sob meus pés. Pouco antes de zarpar para casa, naquela sexta-feira, 19, escrevi (mas não terminei) algo que seria postado aqui, mas acabou não sendo:

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EU TÔ VOLTANDO PRA CASA... OUTRA VEZ!

É isso! De volta ao lar por uma semana. Isso vai ser bom - revigorante. Daqui a 25 minutos, saio do meu apartamento para a rodoviária, rumo à casa de Seu Raimundo e Dona Socorro - o refúgio que sei que será sempre meu. E como é bom saber disso! Bom, ainda não aprontei tudo pra viagem, não comi nada, mas, apesar do sutil atraso, resolvi vir aqui postar minhas expectativas (previsões) pros próximos 8 dias. De repente, isso renderá uma futura postagem, conferindo o que acertei (sorriso). Estarei renovado na volta. Vou abraçar Karaka 759 vezes por dia, e isso irá reeditar as marcas dela que existem em mim. Vou perturbar muito Benigna, chamá-la de irresponsável - mesmo sabendo que ela não é - e ouvi-la dizer que isso não é muito auspicioso. Vou brigar com Juliana direto e reestabelecer o contato de vez em quando - é bom perturbá-la (risos). Mas, primordialmente, vou rever meus velhos. Nunca um lugar-comum foi tão verdade: a gente só dá valor quando perde. Claro, sempre dei valor aos meus pais, e ainda não os perdi. Mas, depois desse distanciamento, depois de mais de um ano morando fora, consegui perceber mais às claras o quanto os amo e o quanto é verdade que eles dariam as próprias vidas por mim ou outro dos filhos. Amo PAPAI! Amo MAMÃE. Ah, ainda tem os amigos, o PICOTO, o racha com os caras, a sinuca com Hercules e Janio, o deitar no sofá da sala para ver DVDs, o jogo do MENGÃO na padaria. Bom, de volta a João Pessoa, estarei mais empolgado com a vida, menos triste, mais sorridente, menos carrancudo, mais solto. Vou estar mais prático e ativo. Menos morgado e isolado. Vou pedalar mais, ver mais filmes, ir mais à praia. Vou adiar menos as coisas,
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Como a postagem acabou não acontecendo, consequentemente, a réplica sobre as previsões acabou não vindo também, mas dou uma colherzinha de chá a quem queira saber. Como já disse, estive renovado na volta a Jampa, mas o fôlego revigorante do Ceará não durou mais que alguns passos depois da porta do apê. Abracei Karaka pouco menos que 759 vezes por dia, e, progressivamente, sinto mais falta dos abraços que não dividi com ela. Perturbei Benigna e ri muito com ela. Acabei nem brigando com Juliana - certas coisas mudam com o tempo e com as circunstâncias. E revi meus velhos, abracei-os, e, inclusive, perdi um FLAxflu para ficar mais um dia com eles. Revi quase todos os amigos. Infelizmente, não fui ao PICOTO - é a segunda vez seguida que vou ao Ceará e não subo o PICOTO. Rachei com os caras - e fiz 6 gols. Joguei sinuca com Hercules e Janio - e perdi quase todas. Não deitei no sofá para ver DVDs porque não tem mais sofá na sala da tevê. Vi, lá da padaria, o MENGÃO fazer 4 a 0 no Inter. E voltei a Jampa. Do resto, melhor não falar, por enquanto.

Aí, na volta, ainda no ônibus, reencontrei uma velha amiga dos tempos de CEFET...

(pausa na postagem, para algo indizível nesta e em qualquer postagem)
(retomando...)

...conversamos longamente sobre amores do passado, do presente, do futuro, sobre planos, acertos e desacertos, e, para variar, não soube bem como explicar para ela o tumulto interno pelo qual estou passando. Mas, como conseguiria explicá-la, se nem a mim mesmo consigo fazer uma descrição razoável do que está acontecendo? Depois que ela desceu do ônibus, a viagem foi um inferno: dor de cabeça, muita febre, calafrios. Até que me vi de volta a Jampa.

Bom, de lá para cá, me vi rodeado das mazelas de sempre: ainda tive febre e dor de cabeça, as dores nas costas voltaram e ficaram por alguns dias, as saudades de casa, as aulas chatas de Teoria da Comunicação e Teoria do Jornalismo. Mas, graças, motivos bons também para estar de volta: meu canto, meu quarto (sim, o quarto 1, do apartamento 401, do prédio Novo Horizonte, em João Pessoa, já é meu canto), meus novos amigos, 3 notas boas, dispensa de Língua Inglesa e as tais borboletas a quem implorei que rodopiassem. Enfim, como já dito por aí, aos quatro cantos, em papéis (esse acento ainda existe? droga!) a caneta, em livros e blogs, o mundo não tem que parar, nem vai, para eu juntar quaisquer cacos meus, ou me reeguer de algumas quedas, ou escalar até a borda do buraco. Vida que segue. Vamos em frente!

Como tem sido, já há algum tempo, eu preciso é me reorganizar. Preciso arrumar meu quarto e dar lugar às coisas dentro dele. E dentro de mim. Preciso me concentrar nos estudos - mesmo que isso tenha significado, na última terça, sentar quase no colo da professora de Teoria da Comunicação para, pela primeira vez no semestre, entender a droga de uma aula sobre semiologia. Preciso lavar roupas. Preciso jogar papéis fora, acertar detalhes, rever conceitos. Continuo tendo que me isolar um pouco, vez ou outra, e espero que os próximos a mim entendam essa minha necessidade - não é distanciamento das pessoas que gosto; é tentativa de aproximação de mim. Preciso redistribuir os arquivos do meu hd e abraçar a solidão sempre que ela for bem vinda; eu preciso é fazê-la bem vinda. Preciso conseguir um tema pra minha prova de Fotojornalismo e acertar 5 cliques. Preciso fazer meus fichamentos, estudar minhas provas, tirar boas notas; afinal, para que droga em vim para essa cidade? Preciso pedir desculpas a uma amiga por, ainda, não ter trazido de volta o Cadu de quem ela parece sentir falta. Preciso cuidar para não machucar nem ser machucado. Preciso gritar MEEENGOOO com mais força. Preciso voltar o quanto antes do lugar para onde eu me deixei ir sem querer ir, seja lá onde isso for. E, de repente, tendo feito isso tudo, talvez as dores de cabeça não voltem, talvez eu sorria mais fácil, talvez eu me sinta mais à vontade. A lista é grande. Mas, um pouquinho menor que eu.

É. A postagem pareceu algo como que iniciado por "meu querido diário" (risos). Mas, eu estava precisando usar essa postagem como um recado de mim para mim mesmo. E, por ora, acho que fica valendo o já dito. E, só para encerrar, vale tentar dizer algo sobre o título e a imagem superior dessa postagem. O candidato a paliativo de hoje - tanto para a dor de cabeça, quanto pro tufão dentro de mim - era uma jogatina de baralho na mesa da sala do meu apartamento. Mas, os caras não subiram para jogar "mau-mau" (risos).


7 comentários:

Anônimo disse...

Eita, neguinho!! A lista é grande mesmo, mas você consegue. Fiquei muito feliz de poder ler,no início da minha manhã, uma nova postagem sua.
Espero que a inspiração retorne, e você continue escrevendo textos fantásticos como este. Com certeza, você fez muitos seguidores felizes, assim como eu.
Começa essa reforma em você o mais rápido possível, chega de tristeza ,menino. O bom da vida é poder ser louco.
Beijo!!Adoooooooooooro vc!!

Cadu Vieira disse...

É, lista grande! Um dia, eu a rasgo. E isso nem vai ser um dos atos de loucura. Vai ter mais, muito mais (sorriso)...

Bons dias!

... disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cadu Vieira disse...

Tati, roube a expressão, divida o "SORRISO" comigo.

Bins! Bons dias!

Anônimo disse...

Eduardo gosto muito dos seus textos, eles são admiráveis. Você formula e organiza muito bem as ideias, e possui um dom para a escrita. Mas, me deixou curioso para saber quem são essas borboletas?
Vamos descobrir em novas postagens?
Bom dia. Até breve.

Cadu Vieira disse...

Oi 'Anônimo 2'!
OBRIGADO pelos elogios. Quanto às borboletas, não sei se descobrirão quem são, mas ainda lerão sobre elas.
Grande abraço! Bons dias!

Karina de Holanda Rodrigues disse...

Ta aí algo inédito, comentar um texto seu postado há muito tempo, e numa "segunda" leitura. Me pergunto: Pq terá sido que não comentei na primeira? Bem, cá estou. Concordo com o q vc disse há pouco no msn, é bem você! E como eu queria ter escrito alguma daquelas linhas, só mudaria os nomes das disciplinas! (sorriso) Me senti mergulhando e passeando dentro de você, de tão precisa e detalhada que é essa descrição de você. Foi como caminhar nos seus labirintos e ver de que as paredes são feitas, consegue entender? É isso! E como anda essa lista??
Beijo!