sábado, 13 de junho de 2009

Feliz dia dos nAMORados!

Prense-se o sentimento entre as mãos;
esmigalhe-se um coração.
Mas só se for por amor,
pelo mais sublime amor.
Claro que eu sei que essa postagem deveria ter sido ontem. E teria sido, não fosse o cansaço e a preguiça que me assolaram quando cheguei em casa, entrei no quarto, e sentei à frente do computador. Isso e a sensação de que não gosto mais do dia dos namorados. Calma, eu explico...

Continuo romântico, acreditem. Ainda me considero um dos poucos românticos que conheço, muito embora eu tenha que admitir que meu romantismo sofre danos drásticos com o passar do tempo - mas esse é um outro assunto. O xis da questão é que não vejo mais o dia dos namorados como já vi anos atrás. Para mim, o famigerado dia 12 de junho não vai além de uma data comercial - ganha-se dinheiro às custas dos sentimentos dos outros. Eu sei, dito assim, parece brusco e radical demais, né? Eu sei. Vejamos, então, por um prisma mais ameno.

Se os namorados pudessem escolher um dia que os representasse, será, mesmo, que escolheriam algum? Será que isso lhes seria importante? Vejamos que me refiro a namorados como sendo as pessoas que se amam e, por isso, estão juntas num relacionamento afetivo. Penso que não escolheriam uma data específica. Ama-se todos os dias, quer-se a toda hora. Então, celebre-se o amor, o querer, a todo instante. Que não se vincule isso a data, a convenções, a troca de presentes. O comércio, o capitalismo, escolheu o 12 de junho para vender. É por isso que digo que vejo, hoje, o dia dos namorados com olhos diferentes dos de anos atrás - olhos, na verdade, céticos. Por esse aspecto; e só por esse.

Mudando um pouco o rumo da postagem, mas ainda falando sobre namorados, foi corriqueiro ouvir, durante essa semana, comentários sobre como seria essa sexta-feira. E o que diziam os solteiros era bem peculiar: ficar em casa, vendo um bom filme, curtindo uma fossa; organizar uma festinha para comemorar a solteirice; sair para curtir a liberdade; abraçar um outro solteiro para ver se rola (risos); e, a emblemática, "no dia dos namorados, solteiro tudo bem, mas sozinho nunca!". Mas, num consenso de pensamentos, parece que a tônica é de que, no dia (leia-se noite) dos namorados, todos os gatos e gatas são pardos. A solteirada sai para detonar.

Bom, para mim, namoro (que, numa mexida nas letras, pode ser "no amor") tem que estar diretamente ligado a amor. No mínimo, a um sentimento de carinho extremo, boa dose de atração e uma afinidade suficiente para se querer estar o tempo todo ao lado de determinada criatura. E é por isso que me entristece ver o dia dos namorados tão comercial. Ser/ter namorado ou namorada, ainda envolve querer tornar todos os dias especiais - e não só o 12 de junho; há que se querer e fazer isso todos os dias. O presente que sente-se vontade de dar tem que ser hoje, tem que ser logo, tem que ser. O tempo que se arruma para sair junto, jantar no restaurante especial, usar o perfume que ela gosta, vestir a roupa que deixa ele com um sorriso besta (...), nada disso tem que esperar por um dia específico no ano. Não sejamos mais românticos só no dia dos namorados. Ou, então, consideremos que sempre é 12 de junho. Amemos sempre. E de-cum-força!

Claro, quem sabe de certo episódio na minha vida amorosa pode atribuir esse meu carranquismo a um certo trauma que adquiri, exatamente, no célebre dia 12. Bom, entendo os que, talvez, pensem assim. E, pros que não sabem do episódio, só vou dizer que há uns anos, quando fazia pouco tempo desde o fim do meu namoro, minha namorada (então ex-namorada) me ligou, no dia dos namorados, me chamando para sair. Pensei que seria a volta. Comecei o dia 13 chorando, e sem entender como tudo podia ter-se acabado. E já nem vale tentar saber como aconteceu. Ou quem cometeu o erro, e onde cometeu. Simplesmente aconteceu; e já era. Mas, refuto a ideia de que uma coisa tem a ver com a outra. Foi um trauma, sim, mas isso nada tem a ver com minha menor simpatia, hoje em dia, com o nhén-nhén-nhén do 12 de junho.

Bom, acho que já falei demais sobre um tema em que não "acredito" mais (sorriso). Mas, ainda valem os comentários que seguem. Não tenho namorada; tô solteiro, mas não tô sozinho. E tô bem assim. Aquilo em que não "acredito" é o link direto estabelecido entre namoro e finanças. Acredito, sim, no namoro. Mais ainda no amor. E quero deixar dito os meus desejos de que minhas ex-namoradas tenham tido bons dias dos namorados ontem. E que os tenham sempre. Felizes dias em cada época. Grandes amores a cada estação. E que nossos sentimentos tenham cada vez mais fortes os laços com o que, de fato, importa, e menos ligação com o monetário-financeiro. Dias sempre bons, aos namorados, aos solteiros, aos sozinhos. Felizes dias às minhas quases, ex e futuras namoradas. Vida longa aos namoros de verdade. Viva a despretensão. Abençoe-se o amor.

2 comentários:

wendell disse...

tu devia tá numa fossa nesse dia hem, hehehee. brincadeira Kadu, belo blogue. Parabéns pelo belo texto, crítico e reflexivo.

Cadu Vieira disse...

Wendell, valeu pela visita e pelo comentário, cara. Na verdade, na fossa, não, mas esse foi um dia de profunda reflexão. Conflito entre o eu-sozinho e o eu-de-sempre, sozinho ou não...

Abraço, cara! Bons dias!