sábado, 16 de maio de 2009

Mãos ao alto! Isso é um assalto!

.....A comunicação, realmente, só evolui. Já não há mais a necessidade de se anunciar. O clichê caiu. Eles chegam, usam a linguagem corporal, a comunicação se estabelece, e lá se vão nossas bolsas, celulares, carteiras, documentos, dinheiro, e a LIBERDADE......
.....Ontem uma amiga minha foi assaltada a alguns metros dos prédios onde ela mora e onde eu moro. Ela tava sozinha e dois "espécimes" não tão raros "cumpriram sua sina" e levaram sua bolsa com alguns pertences úteis: celular, pendrive, dinheiro, chave de apartamento, um livro, cartão de crédito. Bom, talvez estejamos todos errados. Talvez, na verdade, essas coisas fossem deles, e ela era quem tava no lugar errado, na hora errada, com as coisas erradas, com a intenção errada.
.....Minha amiga ficou sem a chave de casa e sem quem pudesse estar com ela depois disso. Veio aqui ao meu apartamento, me contou o que aconteceu, e esbravejou: "Ai, que ódio!". E "ódio" foi a palavra mais repetida por ela durante todo o dia. Fomos à delegacia, registrar um BO, cancelamos o cartão de crédito, conseguimos uma chave para irmos pro apartamento dela, e ficamos juntos o resto do dia. De alguma forma, mais do que protegê-la - se é que eu poderia fazer isso - queria persuadi-la do ódio. Mas, quem eu estava enganando??? Que fundamentos eu tinha para pedir que ela não sentisse ódio, que não ficasse revoltada? Claro que eu tentei considerar o fato de ela não ter sido agredida, de ter saído fisicamente ilesa, e de poder estar ali comigo - se bem que, francamente, era eu que tinha mais motivos para agradecer por ela estar ali comigo. Mas, não dá! Nessas condições de insegurança a que estamos submetidos, como convencê-la de que o melhor a fazer depois de algo assim é respirar fundo, sorrir e seguir em frente?
.....Bom, sobre o assalto em si, nem quero falar tanto. Nem sobre os absurdos passos com que anda a sociedade e/ou de que forma ela atingida por essa violência. Na verdade, minha amiga mesma nem queria que eu postasse aqui sobre isso. Então, para que se faça valer o que a gente prefere, deixe-se ficar de lado essa parte bestial da vida e do dia de ontem; porque foi muito boa a sensação de tê-la com a cabeça no meu peito me dizendo "obrigada", e é por esse ângulo que prefiro continuar vendo a vida.
.....Quando a gente voltava para casa, começamos a divagar sobre como teria sido se eu estivesse com ela na hora do assalto. Bom, eu não teria reagido: fato. Mas, como dois lesos de primeira que somos, passamos a considerar a hipótese de que só assim, numa situação extrema, eu conseguiria sentir raiva, me enfurecer - ela nunca me viu com raiva; pouca gente já me viu com raiva. Ela disse que, talvez, sentindo raiva, me enfurecendo, nós dois descobriríamos que eu sou um super-heroi (risos). E entre super-homens com força descomunal, vestindo uma cueca por cima da calça, ostentando um símbolo no peito e detendo poderes incríveis, ela levantou a hipótese de, de repente, no momento do assalto, se eu estivesse lá, começarem a surgir asas das minhas costas e a situação revelar que, como ela disse, eu sou um anjo de verdade. Bom, acho que eu gostaria que acontecesse. Eu preferiria ser um anjo a ser um super-heroi. Anjos fazem o bem sem precisar machucar ninguém.
.....O que acontece é que eu só queria que ela risse, de novo, feliz mesmo, ou, no mínimo, contente por estar comigo. Na delegacia, tinha um menininho bem simpático e era bom vê-lo sorrindo e se lambuzando com um pirulito. E eu me pergunto até que ponto a imagem agradável desse menininho se sobrepunha na mente dela à dos assaltantes. Se eu pudesse, ela só veria menininhos sorrindo e se lambuzando de pirulitos. Mas é que essa minha amiga me surpreende vez ou outra. Na verdade, acho que ela me supreende vez e outra. Dali a alguns instantes, já era ela que me fazia rir, que me divertia, que me fazia bem, de novo. A gente brincou um bocado, assistiu a aula, assistiu a um filme, dormiu. Claro que de vez em quando o assunto ainda voltava a ser o assalto, mas ela e eu sabemos que a vida segue, e, apesar dos pesares, segue bonita como sempre foi, de acordo com a escolha que fazemos: olhá-la com os olhos ou com o coração. As coisas mudam, mas, na sua essência, continuam as mesmas. E ela e eu sabemos disso. A propósito, até as borboletas nas orelhas dela continuam rodopiando (sorriso)...
.....Bons dias a todos!

Nenhum comentário: