sábado, 16 de julho de 2011

Que as músicas falem por mim #18

"Às vezes parecia que, de tanto acreditar
em tudo que achávamos tão certo,
teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais;
faríamos floresta do deserto
e diamantes de pedaços se vidro.

Mas percebo agora que o teu sorriso
vem diferente, quase parecendo te nos ferir...

Não queria te ver assim.
Quero a tua força como era antes.
O que tens é só teu e de nada vale fugir
e não sentir mais nada.

Às vezes parecia que era só improvisar
e o mundo então seria um livro aberto.
Até chegar o dia em que tentamos ter demais,
vendendo fácil o que não tinha preço.

Eu sei, é tudo sem sentido.
Quero ter alguém com quem conversar,
alguém que depois não use o que eu disse
contra mim.

Nada mais vai me ferir;
é que eu já me acostumei
com a estrada errada que eu segui
e com a minha própria lei.

Tenho o que ficou
e tenho sorte até demais,
como sei que tens também."

("Andréa Dória", Legião Urbana)

Ouça a música:

Um comentário:

Anônimo disse...

patedliÀs vezes, mal se imagina o que pode passar a representar na vida de um aluno um simples gesto do professor. O que pode um gesto aparentemente insignificante valer como força formadora ou como contribuição à do educando por si mesmo. Nunca me esqueço, na história já longa de minha memória, de um desses gestos de professor que tive na adolescência remota. Gesto cuja significação mais profunda talvez tenha passado despercebida por ele, o professor, e que teve importante influencia sobre mim. Estava sendo, então, um adolescente inseguro, vendo-me como um corpo anguloso e feio, percebendo-me menos capaz do que os outros, fortemente incerto de minhas possibilidades. Era muito mais mal-humorado que apaziguado com a vida. Facilmente me eriçava. Qualquer consideração feita por um colega rico da classe já me parecia o chamamento à atenção de minhas fragilidades, de minha insegurança.
O professor trouxera de casa os nossos trabalhos escolares e, chamando-nos um a um, devolvia-os com o ser ajuizamento. Em certo momento me chama e, olhando ou re-olhando o meu texto, sem dizer palavra, balança e cabeça numa demonstração de respeito e de consideração. O gesto do professor valeu mais do que a própria nota dez que atribuiu à minha redação. O gesto do professor me trazia uma confiança ainda obviamente desconfiada de que era possível trabalhar e produzir. De que era possível confiar em mim mas que seria tão errado confiar além dos limites quanto errado estava sendo não confiar.

esse texto é um fragmento do Livro Pedagogia da autonomia de Paulo Freire." Não sei pq me deu vontade de enviá-lo.Ao mesmo tempo que deu saudade. Beijo Marta quase Sofia