quarta-feira, 27 de abril de 2011

O dia em que o FLAMENGO ganhou e um FLAMENGUISTA permaneceu triste

Quando o FLAMENGO vence, os povos cantam, a nação fica feliz, as pessoas trabalham mais e melhor, os namorados se abraçam com mais paixão, as crianças brincam mais felizes. A vitória do FLAMENGO é capaz de fazer emanar no ar um estado de espírito que contagia, mesmo aqueles que não se dizem flamengos, porque, afinal, a maior parte dos humanos está em paz, está em harmonia com o universo. A vitória do FLAMENGO e, mais que isso, uma goleada do FLAMENGO, e, mais ainda, uma classificação do FLAMENGO, tem o poder de alegrar a tristeza, sarar as dores, amenizar ou sanar qualquer mazela - social, espiritual, política. E não sou eu quem digo isso. Um sem-número de poetas, escritores e pessoas não-das-Letras já disse isso, algumas vezes, de algumas formas. E eu concordo. Mas, desta vez, tenho que acrescentar algo: nem sempre!

É que hoje o FLAMENGO foi bem FLAMENGO. Não o FLAMENGO máximo que muitos já viram, mas foi o suficiente. E este FLAMENGO suficiente venceu; mais que isso, goleou; mais que isso, se classificou. O modesto Horizonte, depois de mostrar, no Rio, que não seria a presa fácil que muitos supuseram, e conseguir arrancar um empate no Engenhão, conheceu seu verdadeiro lugar ao ser facilmente batido no jogo da volta, quando o FLAMENGO mostrou quem "manda" e quem "obedece".

E isso havia de deixar as pessoas mais felizes; sobretudo os FLAMENGUISTAS. Mas, havia um que não podia, não conseguia estar feliz. Jonas Beckhan, o mais cômico dos FLAMENGUISTAS que conheço, daqueles que, pela alegria que sempre demonstra, une as cores mais alegres que existem às apaixonantes PRETA e VERMELHA do MANTO, não pôde ficar feliz.

É claro que esse FLAMENGUISTA queria e aprovou o 3 a 0 sobre o Horizonte. Óbvio que ele, um dia, vai rever o gol de Willians e constatar o quanto foi bonito. Evidente que, ao final desta Copa do Brasil, se o MENGÃO fizer cumprir o destino e erguer a taça, Jonas Beckhan vai vibrar, comemorar e, talvez, já ser feliz. Mas, esta noite, não. Com este jogo, não.

Uma coisa é certa: há amores maiores e menores que o que se devota ao FLAMENGO, mas, com certeza, não há nada parecido. Acontece que dentro desta verdade está a de que há amores maiores. E como não ter amor pela pessoa que nos trouxe ao mundo para poder viver toda a alegria de ser FLAMENGO? Como não ser grato a quem cuidou da gente, nos deu de mamar, limpou nosso cocô, sarou nossas doenças e ainda aturou nossas alterações de humor em meio a tantas campanhas irregulares do nosso FLAMENGO? Não há como não dizer que o amor pela nossa mãe é anterior, independente e, assim, maior que o nosso amor RUBRO-NEGRO. E eram assim os amores de Jonas Beckhan pela mãe e pelo FLAMENGO: aquele maior que este.

O fato é que a mãe de Jonas Beckhan não estava bem. Aliás, ela estava mal. Internada. Na UTI. E Jonas Beckhan estava do lado, por perto, cuidando, rezando, participando. Não havia como, nestas condições, estar antenado num jogo de fim de noite, no Ceará, contra um time pequeno, jogo que só serviria para constatar o óbvio: a classificação flamenga. Ele estaria focado na saúde da mãe. Na vida da mãe, que se expirou ainda antes de o FLAMENGO entrar em campo. O que me leva a crer que, quando o FLAMENGO consumou o esperado e despachou o Horizonte, o FLAMENGUISTA Jonas Beckhan não pensava nem sentia nada além da dor de ter perdido a mãe.

É por isso que, mesmo acreditando no poder de fortalecimento dos povos, na propagação da felicidade extrema e na multiplicação da alegria por milhões, tudo acarretado pelas glórias do FLAMENGO, digo que nem sempre isso acontece. Porque nesta noite o FLAMENGO venceu de goleada e se classificou e, ainda assim, havia um FLAMENGUISTA que permaneceu triste. Triste porque, afinal, perdeu a materialização de um amor maior que o que sente pelo FLAMENGO. Sua mãe já não vai mais estar por perto como antes e isso ainda vai doer por uns tempos. Mas, um dia, Jonas Beckhan há de vibrar, hilariamente, com as conquitas do MENGÃO. E estará sorrindo de novo... Quem sabe, já na próxima erguida de taça.

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