segunda-feira, 12 de julho de 2010

A menina que me apaixonou [ato primeiro]

Sim. Há uma menina que me apaixonou. Ela não me tinha qualquer nome quando a vi as primeiras vezes. Tudo o que me tinha eram feições bonitas. Claro, aquelas feições não eram, ainda, para mim. Mas eu preferia pensar que sim. Porque, no fundo, eu sabia que elas haviam de serem minhas um dia. Era um sorriso quase nunca contido, quase sempre farto, barulhento, de dentes brancos e bonitos. Um cabelo impecável – provavelmente o mais bonito que já vi na vida, muito embora eu não seja afeito a cabelos lisos. E tinha todo um jeito de falar, de olhar, de andar, que me encantava, e acho que acontecia o mesmo com todos. Imagino que desde sempre já fosse impossível estar-se imune àquele encanto sutil que ela, naturalmente, fazia emanar por onde passava.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

"Poema inacabado" ou "Até o fim"

De cenho franzido,
cabelo comprido,
abrindo sorriso,
num corpo franzino.

A face quieta,
a mente aberta,
atitude esperta,
abstrata e concreta.

Olhar indo ao longe,
qual fé de um monge,
que dELE não esconde
os vales e os montes.

Ela não é de vidro,
e nem porcelana -
se doi, ela chora;
se corta, ela sangra.

Voz limpando ouvidos,
olhos brilhando limpos,
e, quando séria, um mito,
num espaço, um olimpo.

Os gestos suaves,
as mãos pelos ares,
cessando os males,
com poucos olhares.

Dedos já laçados,
os braços cruzados,
são fés e abraços...
me deixam calado.

O sorriso inefável
desfaz-se amável.
Parece improvável...
É tudo mutável.

Ela anda bonito,
sacodindo verdades,
acenando sorrisos,
calejando maldades.

Vai passando por mim,
fechando a porta da vida,
me sorri de soslaio.
É o fim. A despedida!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Que as músicas falem por mim #2

"Amanhã, talvez,
esse vendaval faça algum sentido.
Dá pra se dizer
qualquer coisa sobre todo mundo.

Por hoje é só.
Vou deixar passar a ventania.
Talvez, amanhã,
vento, vela e velocidade.

Mar azul,
céu azul sem nuvens,
logo ali... depois da curva...
Ali, logo ali, ali... depois da curva...

Amanhã, talvez,
esse temporal saia do caminho.
Dá pra escrever;
o papel aceita toda qualquer coisa.

Por hoje é só.
Vou deixar passar a tempestade.
Talvez, amanhã,
água pura e toda verdade.

Mar azul,
céu azul sem nuvens,
logo ali... depois da curva...
Ali, logo ali, ali... depois da curva...

Ali, logo ali, ali... depois da curva...
Ali, logo ali...
Eu vi, eu vim, venci a curva."

("Depois da curva", de Pouca Vogal)