terça-feira, 2 de novembro de 2010

Afinados!

"Deixa o nosso amor morrer, sem graça e sem poesia"
("Se puder, sem medo", de Oswaldo Montenegro)


Este dia 2 de novembro bem que devia ter sido um dia tranquilo. Dia de Finados, não apenas pela analogia, merecia uma calmaria, um descanso em paz. E, na verdade, até pareceu ser assim. Pareceu... Apenas pareceu!

Mas, como toda situação que se preze, há sempre dois lados, como nas moedas de um a 100 centavos. E o lado que escolho para escrever hoje, é o que discorre sobre calmaria, sim, tranquilidade, sim, descanso em paz, sim. Afinal, é Dia de Finados. E a morte é algo de que não podemos fugir. Repudia-se a ideia, repele-se o pensamento, adia-se o inveitável, mas morre-se. E eu venho morrendo gradativamente.

Este texto não chega a ser um obituário. Não, ainda. É, antes, uma homenagem aos amores já mortos. Os que estão por morrer ficam para uma outra hora. Agora, falo sobre como venho morrendo e, mesmo subliminarmente, sobre como morreram certos amores.

Tenho morrido, ao menos, duas vezes ao dia. Parece ser a posologia que o médico a quem chamamos destino me impôs. Morro quando acordo e quando durmo. Morro acordado por pensar. Morro dormindo por sonhar. E, por mais que eu tente, não consigo não pensar nem não sonhar. Então, morro. Morro porque é inveitável pensar, por algum tempo e intensamente, assim que acordo e pouco antes de dormir, em como a minha vida está (ops! ainda há vida). E morro porque, há tempos, quando durmo, sonho com como a minha vida está (é, ainda há vida!).

A propósito, a posologia de hoje já excedeu a cota mínima, mesmo eu ainda não tendo ido dormir. Morri mais que as duas vezes prescritas. Morri quando passeei pelo zoológico, cheio de bichos e tão vazio de mim. Morri pela praia, tão cheia de areia e de água salgada, mas, quase o tempo todo, tão seca, tão sem graça, tão sem vida. Morri por estar ali incompleto, em lugares onde tantas vezes estive tão pleno. Morri porque não consigo sobreviver impune à abstenção de uma felicidade que construí junto e da qual não usufruo mais, nem sozinho. Morro constante e intensamente.

Mas, desde sempre, a vida segue, apesar da morte. Até mesmo, quem sabe, para os que morrem. E, como eu disse, esse texto é uma homenagem apenas aos amores já mortos. Amores que tiveram corações afinados, mas que, independente do motivo, passaram a estar afins na dor. Porque é isso! Os amores morrem! Dolorosamente, morrem. Dói dizer isso, e dói vê-los morrendo. Em mim ou em quem quer que seja. Mas, repito. Escrevi esse texto para os amores que já morreram. Os que estão por morrer ficam para um outro momento. Porque, afinal, se a vida segue para os que já morreram, imaginem para os que ainda não se findaram...

"Deixa tudo como está. E, se puder, sem medo"
("Se puder, sem medo", de Oswaldo Montenegro)

2 comentários:

Sayonara Rodrigues disse...

Ôxe, B!! Achei que essa postagem seria sobre a tarde da gente... Porque tu tava era afinado, ontem, vice? Gostei da tarde, da trilha sonora, da companhia, da água, dos teus sorrisos, da tua paz de espírito!!

Achei tão finados!! Eu nem queria ser uma!! Gosto dessa classe social, não!! Gosto do amor vivo. Que ainda impera! Afinal, finados, tem final, né?

TE AMO, de novo, mas com o mesmo coração!! Beijos!

Cadu Vieira disse...

Sayonaras...

E a postagem foi sobre a tarde da gente (também).

Quanto a ser afinado, finado, finito, ter fim, não sabemos muito como falar sobre isso atualmente, né?

Mas, como é isso de me amar de novo, mas com o mesmo coração? O amor mudou, foi? Quase percebi isso, mas você não confirmou...

Beijo! Abraço! Bons dias!