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Música alterada para entoar uma tristeza menos triste que a anterior.
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"Não me falta cadeira,
não me falta sofá.
Só falta você sentada na sala,
só falta você estar.
Não me falta parede
e nela uma porta pra você entrar.
Não me falta tapete.
Só falta o seu pé descalço pra pisar.
Não me falta cama.
Só falta você deitar.
Não me falta o sol da manhã.
Só falta você acordar.
Pras janelas se abrirem pra mim
e o vento brincar no quintal,
embalando as flores do jardim,
balançando as cores no varal.
A casa é sua.
Por que não chega agora?
Até o teto tá de ponta-cabeça
porque você demora.
A casa é sua.
Por que não chega logo?
Nem o prego aguenta mais
o peso desse relógio.
Não me falta banheiro, quarto,
abajur, sala de jantar.
Não me falta cozinha.
Só falta a campainha tocar.
Não me falta cachorro,
uivando só porque você não está;
parece até que está pedindo socorro,
como tudo aqui nesse lugar.
Não me falta casa;
só falta ela ser um lar.
Não me falta o tempo que passa;
só não dá mais para tanto esperar.
Para os pássaros voltarem a cantar
e a nuvem desenhar um coração flechado,
para o chão voltar a se deitar
e a chuva batucar no telhado.
A casa é sua.
Por que não chega agora?
Até o teto tá de ponta-cabeça
porque você demora.
A casa é sua.
Por que não chega logo?
Nem o prego aguenta mais
o peso desse relógio."
("A casa é sua", de Arnaldo Antunes)
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