
o teu retrato já rasgado
que, de tão amarelado,
me deixava com saudade.
E guardei as tuas cartas
na gaveta do armário,
mas a chave eu perdi
num lugar que já não vou.
Fiz bagunça no meu quarto
só pra reorganizar
e encontrar coisas perdidas
que eu nem lembrava mais.
Sorri risos da infância
que não eram mais perfeitos
porque eram por amigos
que ficaram pela estrada
e que não me ligam mais,
não me olham, nem procuram,
e, se olham, já não veem,
porque o tempo rasga tudo,
devasta a vida e deixa marcas.
E o pecado dessas coisas
é que a gente ainda vive
como se não vivesse mais...