quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Hoje eu Inventei a Vida

Não era só um pedaço de papel, nem apenas o resultado de um exame. Era o primeiro dos últimos dias da minha vida. Ao redor dos trinta, bem na previsão, no diagnóstico. E eu precisei tomar algumas decisões.

Optei por não ser mais kamikasi e desisti do "sonho" de me transformar em homem-bomba; tudo já havia sido detonado, explodido e, paradoxalmente, começava agora a ser implodido.

Eu decidi não xingar o juiz só por ter recebido uma entrada dura ou o motoqueiro do lado só por ele ter-me trancado contra o meio-feio numa avenida movimentada. Aliás, por falar em moto, não piloto mais a minha Yáskara com os olhos fechados e os braços abertos - esse é um risco que prefiro não correr mais.

Eu também parei de tentar me equilibrar em uma perna só sobre o parapeito da varanda do meu apartamento, no quarto andar - pode ser que eu caia e, então, encurtar o já curto inevitável seria idiota; agora, sim, seria.

Resolvi que atravessar a rua a pé agora só faz sentido se eu olhar pros dois lados antes, se não estiver ouvindo barulho de veículos por perto e sempre na perpendicular à calçada - são os cuidados que vou ter daqui pra frente que vão definir a minha qualidade de vida.

Ainda penso em saltar de paraquedas, mas, mais do que nunca, já vou saltar segurando a cordinha e não resta qualquer dúvidas de que vou puxá-la no momento indicado pelo instrutor e não segundos depois, como eu planejva antes.

As torções nos joelhos já não têm a mesma importância de antes, mas o cérebro se concentra mais em evitá-las: pisar mais com as pontas dos pés e menos com os calcanhares, tirar o peso do corpo na hora do giro, correr como quem flutua.

Bebo mais água, descanso mais, respiro mais profundamente, ando mais devagar, corro menos, falo mais pausadamente, trabalho menos em grupo...

E detesto coisas impressas em papeis pequenos. Porque não era só um pedaço de papel. Mais parecia um bilhete de viagem...


"Eu já disse adeus antes mesmo de alguém me chamar
Não sirvo pra quem dá conselho
Quebrei o espelho, torci o joelho, não vou mais jogar
"
("Meu coração", de Arnaldo Antunes)

Um comentário:

Anônimo disse...

Bem... hj conheci uma música, pode ser até conhecida por tds mas, não por mim... lembrei de vc ... mas pensei nada haver ... claro sinto saudades de vc ... mas estamos tão longe... (como se nunca estivessemos) pois é ...boba eu... mas tenho tentado me aproximar de pessoas... rever minha vida... refazer valores ... me refazer ... voltei a pintar meu cabelo de vermelho minhas unhas de cereja c/ rebu e comprei um batom cobre ... acho q vou começar uma nova fase ou face ...não me importo em atravessar a linha do trem quando vejo seu farol... não tenho medo de assalto...não corro mais para pegar o ônibus ... e não dou mais tanta importância para os chefes... meus filhos estão namorando ... eu não sei a quantas vão meus sentimentos ... como doces sem culpas ... reviso arquivos antigos... danço forró nas férias... queria ser kamikasi aterrorizar o mundo e num simples clik, booomm mundo eu estive aqui... queria pular de paraquedas e só puxar a cordinha segundos depois q o instrutor me pedisse por favor PUXA! Pensou a cara dele? Ainda acredito na educação e gosto dos que tem fome dos que morrem de vontade dos que ardem de desejo dos que choram.... Estar assim, sentir assim...Turbilhão de sensações dentro de mim...Eu amanheço, eu estremeço, eu enlouqueço...Eu te cavalgo embaixo do cair...Da chuva eu reconheço...Estar assim, sentir assim...Turbilhão de sensações dentro de mim
Eu me aqueço, eu endureço...Eu me derreto, eu evaporo...Eu caio em forma de chuva eu reconheço...Eu me transformo...Agora sou um vento só, a escuridão....Eu virei pó, fotografia,...Sou lembrança do passado...Agora sou a prova viva...De que nada nessa vida....É pra sempre até que prove o contrário (...Essa é a musica q conheci) Você ta doente? Tá não né? Só poeticamente né? Amo vc sempre...sorriso... Vê se me responde seu mostro ... Marta