O galo canta muito antes da aurora
e a roupa ainda não secou.
Mesmo a lua que brilhava lá fora
uma nuvem de chumbo apagou.
O apito do guarda noturno assopra
só pra me lembrar que acabou.
O muro separa o mundo lá fora.
A água do poço secou.
O vidro embassa se meus lábios encostam
num beijo que não me tocou.
que
que uma pessoa só não conta, que uma pessoa só não é ninguém.
Escuto um barulho num silêncio que chora;
não reconheço esse som.
Não ouço o riso que ouvia outrora,
pois seu sorriso ela levou.
Eu entro sozinho e fecho a porta,
acendo a luz e não encontro mais ninguém.
Os móveis antigos que morrem na sala
estão só pra me lembrar que acabou.
que
que uma pessoa só não conta, que uma pessoa só não é ninguém.
Não é ninguém
("Pra ela voltar", de Nando Reis)
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