sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Que as músicas falem por mim #6

"É como se a gente não soubesse
pra que lado foi a vida,
por que tanta solidão.
E não é a dor que me entristece;
é não ter uma saida,
nem medida na paixão.

Foi... O amor se foi perdido,
foi tão distraido,
que nem me avisou.
Foi... O amor se foi calado,
tão desesperado,
que me machucou.

É como se a gente pressentisse...
Tudo o que o amor não disse,
diz agora essa aflição.
E ficou o cheiro pelo ar,
ficou o medo de ficar
vazio demais meu coração.

Foi... O amor se foi perdido,
foi tão distraido,
que nem me avisou... nem me avisou.
Foi... O amor se foi calado,
tão desesperado,
que me maltratou."

("A medida da paixão", de Lenine)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

5ª da série "diálogos curtos":

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Primeiro ela me disse que não ia (não interessa para onde) porque estava sem coragem. Disse isso, e me entregou algo, sem abrir o portão para diminuir a distância entre nós. Então, eu resolvi perguntar:
- Sem coragem até para me dar um abraço?
Ela não respondeu, destrandou o portão, abriu-o, e, quando me abraçou, pude perceber que o mundo estava desabando, de verdade.
- Você não tá bem, não? - perguntei.
- Não - respondeu, quase sem voz.
- Por que? - quis saber.
- Eu não sei dizer... - e, depois de um silêncio curto - As coisas só tão piorando.
- Você quer que eu dê um tempinho sem aparecer? - sugeri.
- Não. Acho que boa parte disso é justamente "não aparecer".
- Mas, eu tô te procurando todo dia - eu disse, como quem ainda espera continuar a conversa.
Mas o abraço já estava sendo desfeito e ela se despediu de mim - com os dedos da mão direita, com os olhos, com o corpo. Ela me fez entender que era melhor eu sair dali. Eu não concordei, mas acabei saindo.
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Não importa o quanto a vida esteja bagunçada, há sempre algo que possa cair, sujar, quebrar. Tudo ainda pode ficar um pouco pior. Principalmente quando você ama alguém, e não consegue mais fazer esse alguém feliz...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

4ª da série "diálogos curtos":

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Fui eu que fiz a pergunta, meio despretenciosa, depois que ela só destrancou a porta, mas não a abriu para eu entrar, e virou as costas.

- O que é que tá acontecendo? Será que você tá, naturalmente, me afastando de você?
E ela, sorrindo:
- Eu acho que sim...
Silêncio.
- Eu disse que aconteceria - completou, ainda sorrindo... E ferindo.
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E eu só pude achar que é incrível como ela consegue ficar tão linda sorrindo, mesmo quando seus sorrisos se dão em meio a palavras que me machucam tanto...