terça-feira, 19 de outubro de 2010

5ª da série "diálogos curtos":

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Primeiro ela me disse que não ia (não interessa para onde) porque estava sem coragem. Disse isso, e me entregou algo, sem abrir o portão para diminuir a distância entre nós. Então, eu resolvi perguntar:
- Sem coragem até para me dar um abraço?
Ela não respondeu, destrandou o portão, abriu-o, e, quando me abraçou, pude perceber que o mundo estava desabando, de verdade.
- Você não tá bem, não? - perguntei.
- Não - respondeu, quase sem voz.
- Por que? - quis saber.
- Eu não sei dizer... - e, depois de um silêncio curto - As coisas só tão piorando.
- Você quer que eu dê um tempinho sem aparecer? - sugeri.
- Não. Acho que boa parte disso é justamente "não aparecer".
- Mas, eu tô te procurando todo dia - eu disse, como quem ainda espera continuar a conversa.
Mas o abraço já estava sendo desfeito e ela se despediu de mim - com os dedos da mão direita, com os olhos, com o corpo. Ela me fez entender que era melhor eu sair dali. Eu não concordei, mas acabei saindo.
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Não importa o quanto a vida esteja bagunçada, há sempre algo que possa cair, sujar, quebrar. Tudo ainda pode ficar um pouco pior. Principalmente quando você ama alguém, e não consegue mais fazer esse alguém feliz...

2 comentários:

Anônimo disse...

Nada que o tempo não resolva. O que vale é tentar preservar o uqe ainda existe, Eduardo. E se ainda tem amot, e é de verdade, vale a pena esperar. Abraço!

Letícia.

Karaka e Mifilho disse...

Oi, Letícia!

Daqui de dentro de mim vem a constatação de que você tem razão. Razão em dizer que vale tentar preservar o que existe. Razão em dizer que, se há amor, vale a pena esperar. Mas, não sei se concordo com isso de o tempo resolver tudo. Não sei.

De qualquer forma, ORIGADO pro vir aqui, por ler, por comentar. Esteja à vontade e volte sempre que quiser.

Beijo! Bons dias!

Cadu Vieira