TATIando com as mãos

Por que é que aqui do teu lado é melhor?
Por que é que o sol só se põe desse lado?
Será que o teu mundo é menor que o meu?
Ou é o meu quarto que tem mais espaço?
Seria o teu riso uma bênção dos céus?
E as nuvens branquinhas, teus dentes sorrindo?
Seria tua dor uma briga entre anjos?
Que eu não sei separar, nem sei distinguir(?).
Será que você pára o vento com a mão?
Será que ao deitar, tranca a porta do quarto?
Será que só chora com o rosto entre as mãos?
Como é que eu descubro o teu mundo interno?
Que de tão fascinante me espalha em papel(?).
Como é que eu divulgo o que sinto por ti,
se a tinta acabou e o papel eu rasguei(?).
Como é que eu propago o que o anjo me disse:
"seu resgate é enorme, tu não podes pagar!"(?)
O que eu prometi e não posso te dar?
Que abraços te dei sem querer mais largar?
Que poemas te fiz e não vou publicar?
Quantas palmas bati ao te ver atuar?
Ou na vida, ou na arte - já nem sei divisar.
Será que é verdade que te dei minhas asas?
Ou voei com você, segurando minha mão?.
Será que é teu o meu raio de sol?
E a flor que ganhei foi você que me deu?
Ou fui eu que sonhei a brincar "ser feliz"?.
Talvez seja humano teu abraço apertado,
e teus tantos sorrisos de olhos fechados,
mas você já não sei se é da Terra ou de Marte,
ou de outro planeta, cujo nome eu não sei,
de um disco voador, que um anjo pilota -
o mesmo anjo exilado que por coisas da vida,
entre risos e lágrimas, vive dentro de mim.

E eu nem sei do seu fardo, se é forte ou se é fraco;
não desato seus nós, nem nos deixo a sós...

Do lado de cá,
esse sou eu,
tateando com as mãos...

Do lado de lá,
vejo você,
tatiando emoção...